Análise Especial: Renato Cajá, possível retorno à Ponte Preta e dificuldade de virar a página

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Quem tem doenças crônicas vive com um fantasma na cabeça: o remédio que cura, com o passar do tempo, pode deixar de fazer efeito ou viciar ao ponto que o retorno ao médico é urgente para preparar a transição para viver uma fase sem o medicamento, o desmame. Pois a Ponte Preta deveria pensar em utilizar estratégia semelhante com Renato Cajá.

Nesta quinta-feira o jogador anunciou a saída do Juventude. As redes sociais foram invadidas com pedidos e suplicas para o seu retorno. Paira uma sensação de que é o único camisa 10 do universo.

Ninguém aqui renega o talento de Cajá. Para o nível técnico da Série B, é além do suficiente.

Tanto que fez o gol do acesso para o Juventude contra o Guarani. Como também é impossível esquecer suas boas passagens na Ponte Preta em 2008, 2011 e 2014. Assim como é constrangedor relembrar o seu rendimento na Série A do Campeonato Brasileiro de 2017 e dois anos depois na Série B.

Declarar gratidão e carinho ao ex-camisa 10 é legitimo. Só que não dá compreender esse clamor pela sua volta a cada vez que está disponível no mercado.

O que talvez comprove uma parte de culpa de nós, cronistas esportivos. Que nos últimos anos nos recusamos a abrir nossos horizontes e discutir opções e alternativas. Renato Cajá não foi o único armador que apareceu nos últimos tempos. E não será o último. Interessante que, a torcida que simultaneamente abraça Renato Cajá é a aquela que não teve paciência, por exemplo, com Ravanelli, recentemente desligado do Athletico-PR.

Não ficarei assustado ou espantado se Renato Cajá acertar o seu retorno. Se isso acontecer espera-se que Fábio Moreno consiga extrair todo o potencial nesta reta final de trajetória.  Espera-se que todos estejam preparados para o dia seguinte. Infelizmente, toda a paixão no futebol tem um epílogo.

(Elias Aredes Junior)