Um bate papo com o ex-goleiro Jean, aquele que viveu os dois lados da paixão

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Torcedores de Ponte e Guarani com mais de 18 anos certamente se lembrarão do personagem desta reportagem – seja por lembranças boas ou nem tão boas assim, sejamos sinceros. O Portal Só Dérbi foi atrás do goleiro Jean Paulo Fernandes. O mesmo que, nos anos 2000, era ídolo do Bugre, “atravessou a avenida” e foi jogar na rival, após uma negociação claramente provocativa do então diretor de futebol da Ponte Preta, Marcos Antonio Eberlin.

Na ocasião, a imagem de uma “Macaca” comemorando e segurando uma placa com os dizeres “Jean é Nosso” despertou ainda mais a ira dos torcedores do Guarani que lotaram de críticas a página do atleta na internet. “Foi preciso muita coragem para trocar de time, sabendo da rivalidade. Na verdade, eu até tentei segurar, dizia para os empresários que achava arriscado, mas a proposta da Ponte era muito boa e eu fui. Acho que o segredo, para dar certo, é ser profissional. É respeitar o adversário, acima de tudo. Mesmo assim, lembro que, no começo, eu e minha família até evitamos sair de casa. Era esperada a chateação da torcida do Guarani”, recorda o ex-goleiro.

Com oito dérbis no currículo – sete deles pelo Guarani – Jean defendeu o Bugre nas temporadas de 2003, 2004 e 2005 quando, foi para a Ponte em 2006 com contrato inicial de dois anos. Depois, ele acabou transferindo-se para o Corinthians em 2007 numa negociação amigável com a diretoria da Macaca, uma vez que o time foi rebaixado no Brasileiro de 2006. “Eu acho que, por ter vindo do Guarani, a cobrança era ainda maior comigo. Naquele ano, terminei o Nacional como o terceiro melhor goleiro entre 20, mas o grupo, no conjunto, não fez a sua parte”, disparou.

Jean atualmente é treinador das categorias de base do Bahia, onde também jogou como atleta profissional. “Comecei o trabalho em novembro do ano passado e ainda é tudo muito novo para mim. O futebol mudou muito, o treinamento mudou, mas eu digo que enquanto a bola for redonda e o gol uma ‘caixa´ a essência é mesma”, analisou.

Entre seus “alunos” está o filho João, de 14 anos, que também pretende ser goleiro. Aliás, seu primogênito, Jeanzinho, também segue os passos do pai e, com 20 anos, é o goleiro do time principal do Bahia. Tido entre as revelações da categoria, Jeanzinho foi convocado recentemente para o Sub-20 da Seleção Brasileira. “A gente conversa sobre, mas a escolha de seguir na profissão partiu deles. Eu só aconselho”, conta Jean que, curiosamente, foi parar no gol por falta de habilidade na linha. “É uma história longa, mas só aceite ficar no gol porque não me queriam na linha”, diz.

Jean, que está no segundo casamento, tem ainda uma filha, de 3 anos, e comemora a chegada do quarto filho. “Minha esposa está grávida, mas ainda não sabemos se teremos outra menina ou se virá outro goleiro na família”, brincou.

(Reportagem e texto de Adriana Giachini- continua em outro post)

(Foto-Arquivo Pessoal)