Análise Guarani: Carpini tem belo potencial. Mas um pouco de humildade não faz mal a ninguém

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Em 2008, no comando do Fluminense, o técnico Renato Portaluppi conseguiu uma vitória heroica sobre o Boca Juniors no Maracanã e foi para as finais. Sua entrevista coletiva foi um desfile de frases de efeito cujo o ápice foi dizer indiretamente ao time argentino: “Muito prazer este é o Fluminense”. Pagou o preço ao perder a final para a humilde LDU. Em casa.

Há quatro anos,  Argel Fucks, na direção do Internacional de Porto Alegre, enviou uma mensagem a um amigo dizendo que iria “passar o trator” no rival Grêmio. Não aconteceu nada disso. O que dizer então do Botafogo que acreditava ser fácil vencer o Juventude na final da Copa do Brasil de 1999 e o time gaúcho calou um maracanã?

O futebol está cheio destes e de outros exemplos que demonstram a arrogância como prévia da derrocada. A confiança exacerbada em seu próprio potencial pode esconder defeitos que podem e precisam ser atacados. Não dá para aceitar o termo “eu ganho, nós empatamos e vocês perderam”.

Estou a vontade para criticar o técnico bugrino Thiago Carpini. Considero ele a principal novidade do futebol campineiro nos últimos anos. Estudioso, dedicado, capacitado para controlar um grupo de jogadores e extrair o máximo potencial técnico é algo que deve ser creditado para poucos.

No entanto, isso não isenta o treinador de falhas na condução das entrevistas coletivas. Sua auto suficiência passa uma imagem de alguém que se considera acima do bem e do mal. Que dá de ombros para as criticas e que se nega a discutir profundamente conceitos táticos e técnicos do seu trabalho.

Sim, a atuação do Guarani foi digna. Mas isso não quer dizer que vamos fechar os olhos para a atuação pavorosa da dupla de zaga especialmente na saída de bola. Carpini treinou tal condição? Não quer chutão? Ótimo. Que escolha então seja de jogadores mais talhados para a tarefa. Ou permita que de vez em quando, o chutão.

Isso para evitar o que já foi observado contra Novorizontino e Palmeiras. O oponente adianta a marcação, força o erro dos beques ou dos volantes e a bola fica açucarada e próxima do gol.

Claro que tocar a bola é salutar. É bonito. Só que um time como o Guarani pode também utilizar do expediente das faltas para quebrar o ritmo do adversário. Evitar o exercício da velocidade do adversário como fez o Palmeiras.

Seria de bom grado estudar todos esses pontos. Discutir de maneira pública e transparente. E de preferência com humildade. Porque no futebol a gente aprende todos os dias.

(Elias Aredes Junior- foto de David Oliveira)

1 Comentário

  1. Perfeito o comentário.
    Faltou só, acrescentar a teimosia em manter peças, que possuem reposição.
    Juninho ontem vergonha, Matheuzinho, o de sempre, jogador prifissional,não pode perder o gol que Giovane perdeu. Guarani da espaço para os adversários pensarem, e escolher a jogada.
    Se marcar a saída, a defesa entrega.
    E daí seu Carpini, a responsabilidade é sua.