Treino aberto no Guarani. Comissão Técnica adota uma medida sensata. Ainda bem!

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Profissionais corretos e diferenciados são distinguidos em pequenos gestos. Nos últimos dias, o Guarani abriu os seus treinamentos para a imprensa. Não foi um pedaço ou os costumeiros 15 minutos. Foi a atividade toda. Apuramos que a decisão partiu da Comissão Técnica. Parece algo distante, banal. Mas se, nós, profissionais soubermos aproveitar a brecha aberta isto pode alterar a percepção que todos têm sobre a equipe.

Na atualidade, todo o mundo sabe o roteiro. Erros acontecem no gramado e não dá para saber se aquilo acontecia nas atividades. Jogadores se lesionam durante os treinos, as prévias de escalação são publicadas sem tal informação e o susto é amplo, geral e irrestrito após a divulgação.

Sem contar os testes feitos e que não sabemos se aquilo ocorreu a portas fechadas. Ficamos sem rumo. Consideramos que as vitórias às vezes são frutos do acaso; em outros momentos nos equivocamos ao dirigir as congratulações pela conquista dos três pontos para quem não merece.

Com a reinstalação da transparência, o torcedor pode ter a chance de ser melhor informado. Segredos revelados aos adversários. Balela. Em um mundo cada vez mais globalizado e com a extenuante transmissão de jogos, as plataformas de jogo são reconhecidas e divulgadas á exaustão. Não há surpresas. Apontamos o caminho da vitória: uma junção de treinamento, criatividade, planejamento, profissionalismo e qualidade técnica no gramado. E capacidade para potencializar talentos. O resto é enrolação.

Por outro lado, é possível fazer um balanço daquilo que restou em relação ao procedimento de fechar os treinamentos por três anos. Em primeiro lugar , aumentou o distanciamento da torcida. Queiramos ou não, os veículos de comunicação, sejam os meios tradicionais ou os chamados influencer´s são os intermediários para abastecer os torcedores de notícias. São eles que sustentam a chama acesa. Com a ausência dos treinamentos abertos e a ausencia de uma cobertura mais quente e tudo reservado as chamadas entrevistas coletivas pós jogo tudo fica distante. Gelado.

Outra consequência negativa é que se abriu a porta para um cenário bizarro, que é uma Associação Sem Fins Lucrativos ter alma e espirito de empresa privada. Tudo fechado. Nada de explicação ou justificativas. Quantas vezes nos últimos anos o Guarani sofreu com derrotas doidas e ninguém apareceu para dar explicações? Querem um exemplo de como os treinos fechados e a dificuldade de acesso á informação são um atraso?

No ano passado, o Guarani teve uma atuação irreconhecível contra o Ituano, perdeu de 2 a 0 e ficou em quadro delicado na Série B. Ninguém entendia um rendimento tão fraco. Até que o repórter Gustavo Biano esclareceu que dois dias antes, integrantes do Conselho de Administração deram um verdadeiro sabão nos jogadores e que muitos não gostaram. A consequência foi vista no gramado.

Se o esquema de cobertura fosse mais aberto, certamento a abordagem, o procedimento e principalmente o comportamento dos veiculos de comunicação seriam diferentes. Que a decisão da comissão técnica do Guarani seja o passo inicial para um relação mais aberta, transparente e profissional não somente com a imprensa, mas com o principal patrimônio do clube, que é a sua torcida.

(Elias Aredes Junior- Com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)