1979: um Paulistão disputado sob o signo da confusão

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Antes de disputar os dois jogos de semifinal, realizados em janeiro de 1980, Ponte Preta e Guarani passaram por um verdadeiro calvário, fruto da bagunça reinante no futebol paulista e nacional.

Para começo de conversa, o regulamento era uma salada mista. Na fase inicial, os vinte clubes foram divididos em quatro grupos com cinco equipes cada. Tal divisão era apenas para efeito de classificação. Todos os times jogavam entre si, em dois turnos.

Ao fim dessa primeira fase, os três primeiros colocados de cada grupo classificaram-se para a segunda fase. Esses qualificados foram divididos em dois grupos com seis equipes cada. Os jogos ocorreram apenas dentro de cada grupo, em turno único. Os dois primeiros colocados de cada grupo classificaram-se às semifinais, que foram disputadas em jogos de ida e volta.

As finais foram disputadas em melhor de quatro pontos. Em caso de quatro empates, seria disputada uma prorrogação de trinta minutos, com vantagem para o clube com melhor campanha ao longo das duas fases anteriores.

Na fase inicial, o Guarani foi líder do Grupo B com 47 pontos em 38 jogos. A Macaca cravou a segunda posição com 39 pontos. Na segunda fase, o Guarani somou cinco pontos, quatro abaixo do Palmeiras no Grupo 2. No Grupo 1, a Ponte Preta ficou na liderança com oito pontos, um a frente do Corinthians.

Com tal configuração, o dérbi campineiro ficou estabelecido em uma semifinal enquanto que Corinthians e Palmeiras mediriam forças na outra chave.

Confusões de Bastidores atrasaram a realização dos dois jogos. Para contextualizar, é preciso dizer que o Palmeiras era a melhor equipe paulista e sob o comando de Telê Santana, posteriormente designado para a Seleção Brasileira.

A motivação era mais do que suficiente para o presidente corintiano Vicente Matheus parar a competição. Medida tomada: Matheus resolveu dar um golpe de mestre e ordenou o Corinthians não entrar em campo contra a Ponte, durante o Terceiro Turno.

O jogo seria realizado em uma rodada dupla com o confronto Palmeiras e Guarani. O experiente dirigente não queria dividir a renda por alegar que a torcida corintiana era a maior de todas. Uma confusão começou na justiça desportiva e o Corinthians perdeu por WO.

A partir daí, apelações judiciárias e trâmites jurídicos deram o tom do caso e tudo ficou adiado para 1980. Matheus conseguiu o seu objetivo e quebrou o ímpeto palmeirense. Já Guarani e Ponte Preta ganharam tempo para se prepararem para duas batalhas épicas.

(texto e reportagem: Elias Aredes Junior)