Análise Especial: o que queremos para o futebol de Campinas?

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Perguntas precisam ser feitas. Provocam reflexão. E pressionam para que mudanças aconteçam. Querem uma? Lá vai: o que deseja o futebol de Campinas? O queremos em curto, médio e longo prazo? Queremos ser relevantes? Temos a ambição de deixarmos o nosso espirito provinciano e abraçarmos a modernidade e o conhecimento? Ou já nos conformamos com a mediocridade?

A pandemia do coronavirus provocou um freio de arrumação. Pode gerar um aumento da disparidade entre os gigantes e clubes médios e pequenos. Que deverão lutar ainda mais por recursos.

Como acreditar ainda em gestão amadora, no dirigente estatutário enquanto todos apostam no profissionalismo? Por que na maioria das vezes, desprezamos e temos repúdio a qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento, capacidade e sofisticação? Detalhe: reconheço o valor de toda e qualquer pessoa que obtenha o conhecimento de modo autodidata. Mas o conhecimento acadêmico é fundamental.

Qual o motivo? Malharam diurturnamente Rodrigo Pastana quando estava no Guarani. Ou não reconhecemos de modo devido o seu valor. Eis que ele sai de Campinas quase pela porta dos fundos e já conseguiu um acesso com Paraná e com o Coritiba. Será que ele é tão ruim assim? É tão limitado assim? Longe disso.

O Guarani não está isolado neste fanatismo pela bitolação futebolística. Qualquer executivo de futebol ou treinador que venha para a Ponte Preta e que não tenha ligação histórica com o clube já é malhado por antecipação. Por que? Qual o motivo?

Torcedores do passado e do presente e dirigentes atuais e com folha prestadas aos dois clubes (e são muitos) insistem na tese de que Campinas é um caso diferente. Já ouvi de ex-dirigentes, jornalistas, ex-jogadores.

Realmente, é um caso diferente. Talvez seja a única cidade do mundo, por exemplo, que tem um centro de excelência em todas as áreas de conhecimento como a Unicamp e aposte no empirismo como trunfo, especialmente no futebol. Ser ignorante e detestar o conhecimento é virtude.

E assim permanecemos. Vivendo de migalhas, conformando-se com posições intermediárias e considerando que vencendo apenas o dérbi. É para pedir desculpas de cara, mas se o mundo adotasse o modelo do futebol de Campinas no combate ao Coronavirus não teríamos médicos, enfermeiros e infectologistas. A humanidade já estaria quase extinta e os que sobrassem ainda falariam: “Viu como a gente tinha razão!?”. Dureza.

(Elias Aredes Junior)