Pontos corridos, a salvação financeira do futebol brasileiro. Que Ponte Preta e Guarani aprendam lição tão preciosa

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Temos dois clubes em quadro financeiro delicado. O Guarani ainda convive com resolução de ações trabalhistas, algo que também volta a assombrar a Ponte Preta. As gestões não transmitem confiança de que são conduzidas com profissionalismo. Mas ainda estão de pé. Talvez muito mais por causa de fatores externos.

A Pluri Consultoria teceu relatório em que diz que a dupla campineira vive o conforto de fazer parte de uma elite, a que joga de fevereiro a novembro. São 44 clubes.

Existe um outro fator: a fórmula dos pontos e com 38 rodadas. A justificativa dada por Alexandre Rangel, sócio líder de Entretenimento Esportivo da Ernst & Young, em entrevista concedida ao jornalista Pedro Henrique Torres, não poderia ser mais exata. Acompanhe: “(…)Vamos só comparar a Copa do Brasil, que é o mata-mata, com o Campeonato Brasileiro para a gente notar a diferença. Um campeonato paga aos clubes no total algo na casa de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões e o Campeonato Brasileiro paga R$ 2 bilhões. Por que o Campeonato Brasileiro vale cinco vezes mais do que a Copa do Brasil? É por que ele é muito melhor tecnicamente ou em termos de interesse? Não. É porque um campeonato de pontos corridos vale muito mais para os patrocinadores, para a televisão, para o streaming. Vale mais para todo mundo que está envolvido. Se a gente até olhar historicamente o crescimento econômico que o futebol brasileiro teve nos últimos dez, 15 anos, que foi acima de dois dígitos num país onde o crescimento econômico sempre fica ali entre de 1%, 2% na melhor das hipóteses – o futebol brasileiro tem crescido em termos de valor econômico acima de 10%, 12% ao ano nos últimos 10, 15 anos. Muito disso veio por conta da transformação do Campeonato Brasileiro de mata-mata ou playoffs em pontos corridos(…)”, afirmou o executivo em entrevista que você pode conferir aqui.

Mesmo com circulação menor de dinheiro, a Série B pode ser enquadrada no aspecto de projeção descrita por Alexandre Rangel. Com jogos às terça-feiras, sextas e sábados, a competição concede uma projeção incalculável aos clubes. Uma garantia de vitrine constante. Lógico, o Guarani teve mérito ao buscar dois novos patrocinadores. Mas será que o cliente ficaria interessado em investir em uma equipe que participa de uma competição que para acessar ao filé mignon do mata-mata precisa passar por uma fase classificatória? E se cair fora? Como ressarcir o cliente? Pois é.

Que Ponte Preta e Guarani, quando a bola voltar a rolar, lutem com todas as forças para permanecerem com o atual calendário. Por que se a gestão já é ruim com presença no pelotão de elite, imagine o que espera por trás se uma das equipes cair para a série A-2 do Campeonato Paulista e a Série C do Brasileirão. Melhor evitar.

(Elias Aredes Junior)