Arena da Ponte, novo estádio para o Guarani ou estádio único. E a pergunta que não cessa: e o pobre? Terá lugar ou será enxotado?

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Noticia publicada nesta terça-feira, dia 26, na coluna “Xeque Mate do Esporte” do jornal Correio Popular assinada pelo jornalista Ângelo Barioni relata que o prefeito de Campinas, Dario Saadi, recebeu uma sondagem de um empresário que tem interesse em construir uma Arena única para os dois clubes campineiros. De modo correto, o novo mandatário campineiro afirmou que esta é uma decisão que compete a bugrinos e pontepretanos.

Em um mundo normal e racional, seria a solução ideal. Um empreendimento esportivo único que reduziria os custos de manutenção e abriria caminho para o investimento que realmente interessa: a construção de dois Centros de Treinamentos modernos, com vários campos de jogo, alojamentos para os profissionais e categorias de base e toda uma filosofia que transforme tanto Ponte Preta e Guarani em uma máquina para fornecer talentos ao futebol brasileiro.

Duro é que o futebol nem sempre nos contempla com aquilo que desejamos. A rivalidade misturada com provincianismo e questões práticas por enquanto travam a realização do sonho. Pode mudar? Pode. Aliás, deveria. Se acontecer confesso que ficarei surpreso.

Queiramos ou não o Guarani está amarrado a uma sentença judicial promulgada em 2015 e que determinou a construção de um novo CT, sede social e um estádio, tudo financiado por Roberto Graziano, o novo proprietário do complexo do Brinco de Ouro.

Mais do que um ponto de sentença, a possibilidade de construção de um novo estádio é o caminho, na visão de muitos torcedores bugrinos, de reconstrução de sua autoestima. Difícil considerar que os torcedores e associados topassem dividir a administração de um espaço com o principal rival.

No caso da Ponte Preta, o quadro é mais dramático. Parte relevante da torcida não quer sequer saber de Arena no local em que está o Centro de Treinamento do Jardim Eulina. Quer a reforma do Majestoso e ponto final. Até porque o Majestoso não é um local qualquer para o torcedor pontepretano. Está ligado a história do clube. Torcedores colocaram a mão na massa para erguer o local. Como destruir tal sentimento? Duro.

E se for encaminhar realmente uma proposta de Arena Ùnica, o empresário deveria responder a uma única pergunta: será um espaço para todas as classes sociais? Ou para apagar a conta os ingressos serão colocados nas galáxias e o pobre que fique do lado de fora? Porque o aparheid social vigente nos estádios brasileiros, quando existia presença de público, comprova que para muitos dirigentes lugar de gente de baixa renda é bem longe da arquibancada.

Talvez este seja o principal problema tanto da arena única, como também do estádio previsto em sentença judicial e a Arena do CT do Jardim Eulina: falta conexão popular. Garantia de que o futebol em Campinas continuará sendo do povo e para o povo.

Você pode dizer: “ah, a média de público é baixa”. Concordo. Mas no fundo, o motivo é que o torcedor mais humilde cansou de ser mal tratado e humilhado. Prefere apertar o cinto e pagar um pay per view. Os dirigentes e amantes do futebol campineiro deveriam fazer de tudo para resgatá-lo. Porque arquibancada com gosto de champanhe e caviar, pode ser tudo, menos lugar para o esporte mais popular do planeta.

(Elias Aredes Junior)