Eleições: presidente da Mesa eleitoral buscava acordo. Comandante do Conselho Deliberativo repudia e destitui decisão do dia 27. E a Ponte Preta? Ah, a Ponte Preta que se exploda!

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Pessoas deveriam disputar o poder em busca do bem comum. Lutam pelo convencimento dos eleitores para aplicar suas ideias. Em tempos de crise, a saída é conversar, dialogar, distensionar, estender a mão ao diferente. Este é o cenário da Ponte Preta.

Na letra fria da lei e do Estatuto, não há chapa legal para disputar as eleições. Tudo pode virar um grande barril de pólvora. Apesar disso, o presidente do Conselho Deliberativo, Mauro Zuppi, decidiu publicar novo edital para convocar eleições para quinta-feira (30) e destituindo a mesa presidida por Miguel Di Ciurcio.

Enquanto isso, o presidente da mesa eleitoral buscava outro caminho. Este jornalista apurou que o presidente da Comissão Eleitoral desejava encaminhar um requerimento para iniciar conversas a fim de encontrar uma convergência entre as chapas. Ou seja, que ocorra o encerramento das disputas, das brigas e que tudo seja direcionado para o bem da Ponte Preta.

A resposta foi um não rotundo. Pior: chefe do grupo político que há 20 anos comanda o Majestoso, Sérgio Carnielli deixou clara sua intenção de jamais dividir poder algum e que suas diretrizes e de seus aliados é que devem prevalecer. A proposta também teria resistência entre oposicionistas.

Observo a notícia e penso comigo:  existe realmente o desejo de melhorar a Ponte Preta ou a intenção é transformá-la em campo de guerra? O que impede um entendimento? São as criticas dirigidas pela torcida no Campeonato Brasileiro? Isso é motivo para isolamento? Porque a fissura de massacrar o outro lado, de aniquilar qualquer voz discordante?

Se a chapa de Carnielli representa o pensamento de parte das arquibancadas, também é verdade que a oposição também é um reflexo de gente que não suporta ser excluída e sequer ouvida nas decisões mais importantes do clube, seja no Conselho Deliberativo (CD) ou também na condução do departamento de futebol.

Independente das denúncias analisadas no CD, todos os muros do Majestoso sabem que Marco Antonio Eberlim e Márcio Della Volpe são personas non gratas para Carnielli. Mas a Macaca não se resume a ele e aos dois antagonistas.

A Ponte Preta é maior do que qualquer disputa política, ressentimento, rancor ou amargura gerada pelas injustiças do futebol. Ou justiças. Fica a critério do freguês.

O fato é que, enquanto homens brigam, o torcedor pontepretano está ferido, machucado e dilacerado em sua dignidade. Quer encontrar um motivo para sorrir. Uma saída, um escape para ter esperança de dias melhores. Os jogadores falharam em sua missão. Os treinadores que sentaram no banco de reservas idem.

O ressurgimento da Ponte Preta está na sua gente, no seu povo. Mas eles precisam que os homens engravatados deixem o orgulho de lado e pensem apenas na Ponte Preta e na massa de homens, mulheres e crianças que sofrem.

Meia dúzia batalha pelo poder. “Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro”. Esta frase é de autoria do médico e pensador suíço Carl Jung. Mas poderia sair da boca de qualquer pontepretano. E todos lhe dariam razão.

(análise de Elias Aredes Junior)