Especial: a tentativa de independência de Abdalla não pode ser esquecida pela comunidade pontepretana

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Historiadores afirmam que o legado de um Presidente da República só pode ser depurado mediante a distância do tempo, que apontará os frutos do mandatário. Apesar do mandato com alto índice de reprovação popular, José Sarney ficou como aquele que abriu caminho para o processo de redemocratização e a formulação da Constituinte de 1988 ao lado do deputado Ulisses Guimarâes.

Fernando Collor de Mello foi retirado do cargo em setembro de 1992 e 28 anos depois é reverenciado como aquele que foi capaz de abrir o mercado brasileiro e deixar nossa economia mais ágil. Assim como Fernando Henrique Cardoso será eternamente conhecido como o presidente que consolidou o Real como moeda.

A análise vale para os clubes de futebol. Aqueles que de um modo geral fracassaram e não levaram times a títulos foram importantes na construção de uma estrutura capaz de levar a conquistas. Ou que levantaram canecos e iniciaram uma dinastia.

Sem a condução de Marcelo Portugal Gouvêa, dificilmente Juvenal Juvêncio teria ganho tantos títulos, seja como presidente ou diretor de futebol. Eduardo Bandeira de Mello pagou muita conta antes da atual direção do Flamengo construir um legado portentoso no gramado.

E na Ponte Preta? Este Só Dérbi sempre foi critico da gestão de José Armando Abdalla Junior, encerrada no dia 05 de novembro do ano passado. Até lhe deu uma nota baixa.  Criticou decisões equivocadas. Escolhas mal feitas. Ou vacilos para trilhar caminhos coerentes.

Um legado Abdalla deixou na Macaca, apesar de todos os seus erros: a tentativa de andar com as próprias pernas. A de não depender de nenhum dirigente ou mecenas para deixar as contas em dia. Pagou o preço? Sim. Demitiu trabalhadores, atrasou alguns compromissos, mas tentou. Buscou de todas as formas deixar a Ponte Preta independente e ser efetivamente um clube associativo. Em que muitos participam do processo de decisão.

Não conseguiu o acesso? É frustrante. Concordo. No entanto, a sua herança não pode ser ignorada. Ele transformou o slogan “A torcida que tem um time” em algo real e palpável. E tal conceito tem que servir para as novas gerações.

(Elias Aredes Junior)