Especial: Em frente de uma casa, no Jardim Amazonas, um banco de madeira. O lugar para o apito inicial do dérbi campineiro

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Qual o segredo do dérbi? Por que a rivalidade permanece intacta? O que leva o desejo de vencer o oponente esteja em alto nível mesmo com tantos desmandos e problemas? Posso descrever o que vi e vivi.

Morei por 36 anos no Jardim Amazonas, bairro localizado na saída para Valinhos. Ali, o que não faltavam eram garotos doidos por futebol: o Danilo, Victor, Alexandre, André, Fábio, Elias, Adalton, Alex, entre outros agregados. A cada jogo importante, algo era certo: todos iriam se encontrar no banco montado em frente da casa da dona Cleide e do Baiano e dos seus filhos Adalton, Giselda e Alex.

Como todo bairro popular planejado, as casas de esquina usufruíam de vasto terreno. A casa da dona Cleide era singular. Fica na esquina das ruas Itagiba e Clara Camarão e ao fundo do Convento Betânia. Para descontrair nos finais de tarde, a família construiu um banco de madeira. O que ninguém esperava era que os garotos da rua tomassem conta do “empreendimento”.

Jogo do Brasil? Banco da Cleide! Véspera de dérbi? Ali era o lugar dos debates, das cornetadas e palpites de escalação. Uma ida ao Brinco de Ouro ou ao Moisés Lucarelli era precedida de uma conversa e um encontro no local. Foi assim por 15 ou 20 anos.

A base do meu conhecimento de futebol foi forjado na minha família e neste espaço que aglutinou crianças e adolescentes de todas as idades. Era o futebol integrado ás nossas vidas.

Hoje tudo mudou. Crianças e jovens utilizam o vídeo game como porta de entrada ao mundo da bola. Não reclamo. Sinais dos tempos. Questão de adaptação. Converso com minha irmã e fico sabendo que o banco não está mais lá.

Uma pena. Naquele pedacinho, por anos e anos, o apito inicial do clássico campineiro era dado ali. Saudades.

(Elias Aredes Junior- A foto que ilustra o artigo é do local em que ficava o banco)