Especial: o ódio, um instrumento de análise e utilizado como destruidor de reputações no futebol brasileiro

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O dicionário traz ensinamentos. Deveríamos consulta-lo. Sempre. Até para evitarmos pecados. Pesquisei sobre a palavra ódio. No dicionário Houaiss, entre as definições presentes, está a de que ódio é “pessoa ou coisa odiada”. Ou ainda “aversão, repugnância, antipatia”. A maneira como analisamos e sentimos o futebol brasileiro na atualidade incorporou tal aditivo.

Antes do trabalho, as pessoas ganham avaliações. Depreciativas. Não importa se ela faz bom trabalho, se tem conceitos táticos e conquista vitórias. Se você nutrir resistência, acabou.

Você destila preconceito, xingamentos ou utiliza preceitos superficiais para justificar a sua biltre que exala pelos poros.

Dome decepciona no Flamengo? O sistema defensivo é falho? Correto. Ao invés de se discutir alternativas e posicionamentos para que o problema seja corrigido, parte-se para a desqualificação pessoal. Isso feito até por profissionais experientes de imprensa. Todos agora estão satisfeitos com a sua demissão. Mas o que sobra? O que fica de legado? Vou além: se o sucessor der errado, todos vão assumir a culpa pelo fracasso?

Eduardo Coudet afirma em entrevistas coletivas que o elenco é curto? Pouco importa o seu contato diário com os jogadores, a vivência no vestiário…Eu ataco o profissional e pronto. E a torcida vai atrás.

E Fernando Diniz no São Paulo? Seu trabalho tem altos e baixos. Sim. Mas daí a utilizar twitter e redes sociais para atacar a pessoa, diminuir quem senta no banco de reservas é de um absurdo sem precedentes.

Campinas não está desconectada. João Brigatti ficou por um bom tempo na Ponte Preta. Acertou e errou como qualquer treinador. O trabalho foi insatisfatório em algum momento? Ok.

Então discuta alternativas, peça mudanças, pergunte sobre as atividades de treinamentos. Chamar um profissional de “animador de torcida” é ódio. Puro. Trocadilhos com Catalá ou análises depreciativas sobre as entrevistas coletivas de Thiago Carpini entram no cardápio. Não analisamos futebol. Amamos odiar o futebol. Depositamos nossas frustrações em processo de catarse sem ligar para as consequências.

Precisamos resgatar a crítica qualificada. Inclui o torcedor. Instante de lazer? Correto. Mas não custa entender o jogo, suas complexidades e as dificuldades dos profissionais. Não, não digo que é abrir mão do direito de critica. É exercê-lo com o cérebro. Com sabedoria.

Nós, torcedores e cronistas esportivos, viramos moedores de carne. Apontamos para a próxima vítima, sem se importar com as consequências de tanta depreciação e ódio as 24 horas do dia. Isso precisa acabar.

(Elias Aredes Junior)