Gilson Kleina e “futebol Gremlins” da Ponte Preta. O monstro está fora de controle. O que fazer?

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Gilson Kleina concedeu entrevista coletiva e exibiu uma faceta lamentável. O profissional cordato, educado com os repórteres e capaz de conceder longas explicações sobre suas visões de futebol deu lugar a uma pessoa intranquila e tensa. Ao ouvir as perguntas e as respostas ríspidas lembrei-me de um sucesso infanto juvenil do cinema, o filme Gremlins. Como? Qual a relação? Calma.

Neste filme de 1984, um pai deseja presentear o filho com um presente exótico e encontra em uma loja de Chinatwon. Um bichinho de pelúcia, fofo, meigo e capaz de conquistar corações e mentes em um piscar de olhos. De início, o comerciante reluta em ceder o bichinho. Aceita após muita insistência do pai aflito, mas sob algumas condições:  o bichinho nunca poderia ser exposto a luz, água ou alimentada a meia noite. Claro, as ordens são desobedecidas e o bichinho vira um pequeno monstrinho capaz de se  reproduzir de modo frenético e “tacar o terror” em Nova York ás vésperas do natal.

Corte para o atual século. Quando chegou, no final de 2010 e após ganhar do São Paulo em janeiro do ano seguinte, Gilson Kleina apresentou-se como verdadeiramente como é: um camarada do bem, parceiro dos jogadores, com bom conhecimento de futebol e que gerou bons resultados.

Assim como o bichinho inocente do filme de Hollywood, Kleina foi exposto a nova ordem do futebol. Se o bichinho não poderia ver a luz do dia, Kleina ficou ofuscado por esse novo futebol que exige ofensividade, variedade tática e modelos de jogo variados. Para se contrapor a nova ordem iluminada, o treinador bebeu da água do defensivismo e alimentou-se além da conta do papo de boleiro.

O resultado é que ele gerou na Ponte Preta um futebol que é semelhante a um monstrengo, que não conseguimos distinguir onde começa e onde termina o esquema tático ou a estrutura de jogo. E que trava jogadores com bom potencial técnico como Allison Safira e João Paulo. E assim como os  país fictícios do filme da década de 1980, que em determinada hora viram a situação fora de controle, a torcida faz uma única pergunta: quem pode deter e exterminar esse Frankstein  presente  no gramado?  Em 1984, o diretor Joe Dante montou um final feliz e todos saíam satisfeitos do cinema.

Agora, a direção do roteiro está nas mãos dos dirigentes pontepretanos. Que por enquanto não demonstram aptidão para montar uma história feliz ao torcedor pontepretano que tenha começo, meio e fim.

(Elias Aredes Junior)