Guarani Especial: uma viagem no tempo

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Na rua Dr. Quirino, na altura do número 310, a quatro quarteirões do Bosque dos Jequitibás, Pompeo de Vito, aos 83 anos, estava fixado à frente da TV naquele 13 de agosto de 1978, para ver o time que ele fundara sair vitorioso do segundo jogo contra o Palmeiras que decidiria o campeonato. Da casa espaçosa, que ainda hoje preserva a fachada de antigamente, dava para ouvir a festa, afinal o Brinco de Ouro da Princesa não fica tão longe.

.Ao lado da filha mais velha, Célia, da esposa, Matilde, e de alguns jornalistas, ele mantinha a calma e a tranquilidade que o acompanharam durante toda vida. O comerciante, nascido em Uberaba (MG) e morando em Campinas desde criança, foi o fundador do Guarani. Mas, como relatou aos jornalistas, mesmo com o gol de Careca, ele não estava nada confiante. Na poltrona da sala, tentava segurar a aflição por acreditar que o Palmeiras estava melhor e que, em questão de tempo, viraria o jogo.

Do grupo que acompanhava o Guarani desde a sua fundação, Pompeo era um dos três que viveram para ver o ápice do time, quando o árbitro carioca José Roberto Wright apitou o final de jogo, sagrando o Bugre como o primeiro Campeão Brasileiro do Interior. Ainda hoje, 39 anos depois, a equipe continua a única a ostentar esse título. Além de Pompeo, Vicente Matallo (1892-1983), o primeiro presidente, vivia no Rio de Janeiro e Luiz Bertoni (1891-1978), o primeiro técnico, estava num asilo na cidade.

Sobrinhos, sobrinhos-netos e netos se dirigiram à casa de Pompeo, para comemorar com o homem responsável pela existência do Guarani Futebol Clube. Eufóricos, os parentes estranharam como até nesse momento Pompeo parecia calmo. Uma de suas sobrinhas-netas, Fátima, indagou:

– Tio, o Guarani acabou de ser Campeão Brasileiro! Como o senhor ainda está calmo?
Pompeo, rindo, respondeu:

– Calma, minha filha. Foi só uma conquista. Não precisa dessa euforia toda.

A família lembra, porém, que, apesar da calma, Pompeo incluiu esse momento como um dos mais felizes de sua vida.

A história serve pra aprendermos com os erros e copiarmos as fórmulas de sucesso.

Pompeo de Vito aprendeu muito cedo a administrar, e conseguiu gravar seu nome na história do clube por ter sido, além de um dos fundadores, tesoureiro e sete vezes presidente.

Apesar da modernização do futebol, a calma e os pés no chão de Pompeo devem ser exemplos a se seguir, e acreditar que é possível ser grande novamente.

(Trechos retirados do livro “Pompeo de Vito, uma biografia do fundador do Guarani” de Isabella de Vito)

(texto de autoria de Isabella de Vito- Especial para o Só Dérbi)