Mulheres no jornalismo esportivo: espaço necessário e merecido para derrotar o machismo. Acompanhado de um pedido de desculpas

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Liguei a televisão na segunda feira e a jornalista Ana Thais Mattos comentava pelo Sportv o confronto entre Ituano e Novorizontino no Campeonato Paulista. No dia seguinte, ao retornar para minha residência, o rádio do carro ecoou a voz de Adriana Almeida, comentarista da Rádio Bandeirantes Campinas na semifinal da Copa São Paulo entre São Paulo e Guarani. Quem tem o privilégio de contar com televisão por assinatura pode acompanhar o bom trabalho da narradora Luciana Mariano na ESPN.

Três mulheres com trajetórias distintas e diferentes. Vencedoras porque superaram diversos obstáculos e um muro de preconceito para cavar com merecimento um lugar ao sol.

Comentar sobre a presença da mulher no jornalismo esportivo é reafirmar obviedades. É dizer que os cronistas esportivos e os homens inseridos no futebol, guardadas as raras exceções são portadores de um machismo cadavérico, ridículo e repugnante. Que querem apenas e tão somente transformar a mulher em objeto. De preferência, sem opinião e personalidade. Um retrato de um esporte patriarcal, fincado em conceitos ridículos que transmitem a ideia de que apenas os homens possuem capacidade de estudar, entender e decifrar o esporte das multidões.

Assédio, humilhações e xingamentos provenientes das arquibancadas fazem parte do roteiro sofrido vivido por estas três profissionais e por milhares de mulheres que atuam na área.

Em Campinas, convivo com três profissionais de extremo talento. A primeira chama-se Renata Rondini, que, apesar de afastada do ofício certamente é a melhor repórter que cobre esportes olímpicos no interior do estado de Estado de São Paulo. Adriana Giachini tem a paixão pelo futebol presente na veia e foi uma das fundadoras deste Só Dérbi. Entende de futebol como poucas. Com um adendo: com sensibilidade.

Adriana Almeida por sua vez, tem os predicados que toda empresa gostaria de contar: formação intelectual sólida, conhecimento profundo de futebol e técnica de reportagem apurada. Craque.

Agora, pergunto: qual o argumento para deixar essas e outras profissionais talentosas do lado de fora? Como explicar o desprezo que damos ao futebol feminino?

O que deveríamos é abrir cada vez mais espaço acompanhado por um pedido de desculpas. É o mínimo.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

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