O desafio do torcedor do Guarani: cultuar os ídolos do passado sem abraçar a alienação no presente

0
1.359 views

Aliviado pela permanência na Série B do Campeonato Brasileiro, o torcedor bugrino utilizou o final de semana para festejar. Um bom contingente de torcedores compareceu ao Jogo das Estrelas, realizado domingo pela manhã no estádio Brinco de Ouro e coordenado pelo Projeto Bugrinho.

Uma bela iniciativa que provoca reflexões. Ao final da partida, celulares em punho deram o tom daqueles que desejavam um registro com craques do porte de Amoroso, Djalminha, Luizão, Zenon e João Paulo. Épocas diferentes para retratar um período de glórias.

São esses ex-jogadores que impedem a destruição da autoestima do torcedor. Fazem com que a cada matéria crítica publicada neste Só Dérbi, os torcedores bugrinos utilizem o passado como escudo às provocações de torcedores pontepretanos, que, apesar do rebaixamento recente, nesta década participou em cinco edições da divisão de elite, enquanto o Guarani teve sua última participação em 2010.

A torcida do Alviverde merece todos os elogios e homenagens por ter esse cuidado com seus ídolos. Por juntar dinheiro e construir um busto para Carlos Alberto Silva. De sempre relembrar de quem auxiliou no nome e na pujança da agremiação.

Mas é preciso fugir das armadilhas. Torcedor deve cultuar, elogiar e homenagear e jamais ficar refém daquilo que já passou. Explico: o futebol brasileiro está recheado de exemplos de times com passado glorioso e que de tanto olharem para o retrovisor não souberam reciclar, construir e viabilizar um novo período de conquistas. Bragantino, Paulista de Jundiaí, Internacional de Limeira são alguns dos exemplos no âmbito do interior paulista. No Rio de Janeiro, basta ver o que fizeram com o Bangu, campeão carioca de 1966 e com o América, vencedor do Cariocão de 1960 e quarto lugar no Brasileirão de 1986.

Asseguro que todas essas agremiações possuem cerimônias, jogos festivos e atividades para relembrar seus heróis do passado. Estão sem futuro. As conquistas atuais são uma agulha do que já foram.

Que a torcida do Guarani cultue os ídolos do passado e tenha uma postura critica e de cobrança no presente para desfrutar de um futuro vitorioso.

(análise de Elias Aredes Junior/Foto: Rafael Fernandes-Guarani Press)