Ponte Preta: quanto mais o tempo passa, maior fica o legado deste homem. Ou não é verdade?

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Algumas ideias não são abordadas por jornalistas por medo de ferir suscetibilidades. As análises na maioria das vezes são dotadas de platitudes e frases óbvias. Tudo para não ferir torcedores ou desagradar dirigentes.

No caso da Ponte Preta, apesar da contrariedade de alguns, é preciso falar com todas as letras: quanto mais o tempo passa, maior fica o legado de Hélio dos Anjos. Maior fica a sua sombra para todos aqueles que trabalham no cotidiano do estádio Moisés Lucarelli. Os resultados na atual Série B trazem malefícios além da tabela de classificação.

Alguns vão lançar os argumentos de que ele tinha um relacionamento ruim com os dirigentes, jogadores e que seu pedido de demissão foi até um alivio para ambiente interno do CT do Jardim Eulina e do Majestoso. Ok, digamos que tudo isso seja verdade. Vamos trabalhar no campo da hipótese. Eu respondo: pouco importa. E vou explicar porque.

A maioria do dia a dia do futebol é acompanhado por uma parcela infima da comunidade: jornalistas e os fanáticos que acompanham a programação esportiva no rádio, televisão e internet. Para a maioria esmagadora, sua ligação com o clube fica restrito as transmissões pela TV ou rádio. Acabou jogo é hora de dormir ou de arrumar algo para fazer. É assim com todos os clubes. Todos. Na Ponte Preta não é diferente.

Neste contexto, temos que ser justos em reconhecer que Hélio dos Anjos falhou em sua primeira missão: salvar o time do rebaixamento na Série A-1 de 2022. Só que na Série B, apesar da campanha com 49 pontos e na segunda página de classificação, o treinador proporcionou bons momentos ao torcedor pontepretano, como a vitória sobre o Vasco por 3 a 1 e o triunfo pelo placar no dérbi do segundo turno. O torcedor não esquece. Principalmente aquele que se liga apenas em acompanhar os jogos. Repito: é a maioria.

No  primeiro semestre, o título na Série A-2 foi feito sem em nenhum momento colocar dúvida o favoritismo . Hélio dos Anjos gerou algo dificil neste futebol midiático e sem vínculo: memória afetiva.

Hélio dos Anjos foi embora e só existiria uma alternativa para o treinador ser esquecido: uma campanha melhor e com futebol mais produtivo.

Isso aconteceu?

Cada um tem sua opinião e todas devem ser respeitadas. Mas na minha visão isto está longe do ideal. Os dois piores cenários foram acoplados: uma campanha ruim da Ponte Preta e Hélio dos Anjos por enquanto exitoso no seu desafio no Paysandu e muito próximo de chegar a segundona. Série C? Inferior tecnicamente a Série B? Com todo o respeito: torcedor não liga para isso. Na cabeça dele, aquele que lhe deu alegria está produzindo frutos em outro lugar e não no clube do coração. E isso é inadmissível.

Pintado precisa chegar aos mágicos 45 pontos ou até tentar igualar os 49 pontos de 2021 e 2022. Com isso, pelo menos o final de ano seria desfrutado em paz, sem a impressão de que uma falha foi cometida no começo da Série B e que os culpados devem ser procurados. Hélio dos Anjos? Está próximo de comemorar o acesso na Série C e sabe que está no coração de boa parte do torcedor pontepretano. Para sempre.

(Artigo de Elias Aredes Junior com  Foto de Jorge Luís Totti/Paysandu)