Ponte Preta: vacilo tático é diferente de querer jogar na retranca

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A irracionalidade e o ressentimento tomaram conta do debate público na Ponte Preta. O senso comum contaminou a todos. Exemplo: a Ponte Preta perdeu para o Cruzeiro porque foi covarde no segundo tempo. Verdade? Mentira? É tudo isso ao mesmo tempo.

Recordar a partida é boa dica. Nos 45 minutos iniciais, o técnico Eduardo Baptista apostou no chamado 4-1-4-1 e com Lucca incumbido de puxar os contra-ataques e isolado na frente.

Como não existia um armador clássico no gramado, a decisão foi a de forçar a marcação a partir da zona intermediária e forçar o erro de passe cruzeirense, especialmente com o volante Hudson, encarregado de armar boa parte das jogadas a partir do campo defensivo.

Como o espaço era curto, a insegurança era produto natural e o vacilo de Diogo Barbosa, responsável por gerar o lance de pênalti, foi algo esperado.

O que aconteceu para que o segundo tempo o Cruzeiro virasse a partida? Não foi apenas a qualidade individual dos atletas e sim um vacilo de Eduardo Baptista. Entendam: vacilo é bem diferente de querer jogar atrás deliberadamente.

Por que? Desde os minutos iniciais, sentia-se a intenção de puxar os contra-ataques pelos lados do campo, desafogar e dar um respiro ao sistema defensivo. Existiam duas dificuldades. A primeira foi gerada com a saída do Artur, o que forçou a improvisação do zagueiro Yago na lateral-esquerda. Danilo Barcelos, por sua vez, tentou incutir velocidade e intensidade algumas vezes, mas não é sua característica.

No lado direito, Nino Paraíba foi alvo de um massacre pela presença de Alisson, Diogo Barbosa e até de Thiago Neves, que passou a flutuar pelos lado. Consequência: o lateral ficou sem saída. Qual a solução? A presença de um velocista, alguém com capacidade de tirar a bola da defesa e levar ao ataque. Pense no que faziam Clayson e William Pottker e verá o que faltou.

Tinha alternativa no banco? Neste caso especifico o técnico Eduardo Baptista merece um puxão de orelhas, por contar com Maranhão e Felipe Saraiva e em nenhum momento esboçou a entrada de um dos dois atacantes.

Existem álibis para que os atletas não tenham sido utilizados. A lesão de Arthur e posteriormente a constatação de que a Ponte Preta tem uma alteração programada, a saída de Wendel e a entrada de outro volante para recompor o setor. O atleta de 35 anos não tem mais fôlego de garoto. Trocar Jean Patrick por Fernando Bob foi um erro? Pode até ser, mas em outros tempos  não seria devido a qualidade no passe do volante agora na reserva.

No fundo, no fundo, mesmo que colocasse os atacantes, ficaria uma brecha em virtude das recomposições necessárias. Desafios para quem encara um elenco com opções carentes, deficientes e com lacunas. Eduardo Baptista terá que trabalhar muito. E ainda contar com a sorte. Não teve em Belo Horizonte. Que seja o único imprevisto nesta reta final.

(análise feita por Elias Aredes Junior)