Sem filosofia de futebol, nem João Brigatti vai resolver a crise na Ponte Preta

0
926 views

Fatos demonstram a perda de rumo na gestão de futebol da Ponte Preta. Um dia pensam em Vadão; no outro, a bola da vez é Gilson Kleina; alaridos nas redes sociais cancelam o convite realizado ao técnico Adilson Baptista. Em um estalo  descobrem no auxiliar técnico João Brigatti, a salvação dos problemas.

Nem é preciso declaração oficial. Percebam o silêncio dos últimos dias. Nenhum nome é falado ou especulado. Ou por falta de opção ou por aguardar uma luz divina. Traduzindo: vitória sobre o Corinthians e a produção de pressão para efetivar Brigatti.

Hoje improvável, seria uma acomodação para satisfazer todos os lados. Uma parte da torcida ficaria satisfeita porque o ex-goleiro é pontepretano de raiz, conhece o clube, sofre com suas derrotas e tristezas e tem longa estrada como auxiliar técnico. Ao contrário de Felipe Moreira, é uma pessoa vibrante ao lado do gramado. Não é passivo. Tudo que deseja um torcedor ávido por determinação e superação.

A diretoria  não iria reclamar. Contrataria um profissional identificado com a camisa e pagaria um salário bem abaixo dos pretendentes tarimbados.

Duro é constatar que a cortina de fumaça produzida pela possibilidade de Brigatti permanecer esconde o essencial: não existe filosofia de futebol na Ponte Preta.

Quando refiro-me a filosofia, digo em relação ao perfil do treinador e ao modo de jogar. No Brasileirão do ano passado, Eduardo Baptista montou uma equipe calcada na aglutinação, força física e velocidade pelos lados com Felipe Azevedo e Rhayner e o faro de gol a cargo ora com o poder de artilharia de Roger ou com os contra-ataques de William Potkker.

Impossível ignorar a perda de jogadores e o enfraquecimento do elenco, mas é estranho notar o calendário virar o mês de janeiro e a Macaca passar a jogar com ligação direta, sem preenchimento dos espaços e volantes debeis na marcação. Eis que Brigatti assume e recoloca Ravanelli, aposta em melhoria do poder de criação do meio-campo e em nova distribuição tanto de Pottker como de Lucca.

Afinal, o que agrada a diretoria da Alvinegra? Qual seu pensamento de futebol? Se for jogar atrás, na retranca, qual a metodologia? Contratar zagueiros velozes ou com altura e  capacidade de executar a sobra? Armadores técnicos, de cadência ou utilizar a força como predicado? E no meio-campo? Arregimentar volantes técnicos como Fernando Bob ou apostar em atletas que tenham a força e o vigor físico de um Wendel ou de Matheus Jesus?

Lógico, o treinador tem total autonomia para escalar e definir o seu esquema tático. Mas os frutos são gerados quando os treinos ocorrem em cima de um elenco formado de acordo com o pensamento da instituição.

Exemplo: tido como exemplo de gestão no futebol brasileiro, apesar do acidente aéreo que lhe vitimou, a Chapecoense  teve em mente o tipo e a característica de jogador que pretendia. Era algo institucional. Assim como o Bahia, em que Guto Ferreira, pressionado pela torcida, trabalha com um elenco formatado pela direção e os executivos de futebol.

Esse é o pulo do Gato. Não adianta efetivar Brigatti. Ou contratar Vadão, Gilson Kleina, Ney Franco ou Enderson Moreira. Sem um pensamento claro e único na Ponte Preta não existirá treinador bem sucedido em 2017.

(análise feita por Elias Aredes Junior)