Torcida da Ponte Preta e Série B: ao invés de reclamar, que tal celebrar o ponto conquistado?

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Todos conhecem a linha editorial deste Só Dérbi. Temos como premissa um jornalismo crítico, analítico e independente. De vez em quando, temos a obrigação de irmos contra a maré. Tudo para que todos pensem e reflitam sobre os acontecimentos. Dito isso, considero equivocada a abordagem de boa parte da torcida pontepretana sobre o empate de 3 a 3 diante do Sport.

O ponto conquistado deve ser comemorado. Não é apenas pelo retorno de João Brigatti ao banco de reservas. Temos que adotar uma certa benevolência em relação ao trabalho do novo treinador diante dos problemas políticos e financeiros. Até para focarmos naquilo que apareceu de positivo. Exemplo: quando foi a última vez que a Ponte Preta jogou um primeiro tempo de qualidade como visitante na Série B do Campeonato Brasileiro?

Passamos meses e meses com reclamações sobre a falta de criatividade da Ponte Preta ou sobre a ausência de um esquema tático que pudesse fustigar o adversário. E tudo isso apareceu na Ilha do Retiro. Um time bem postado e posicionado e com contra-ataque bem definido. Como ignorar os três gols feitos no primeiro tempo. “Ah, mas o Sport estava sonolento”, diriam alguns. Pouco interessa!Em outras oportunidades os adversários dormiram e a Ponte Preta não aproveitou. Dessa vez a história foi diferente.

Outra pergunta se faz necessária: Qual foi a última vez que a Ponte Preta mostrou uma postura tão altiva como exibiu contra o Sport? Alguém lembra? Alguém consegue comparar de modo negativo a equipe indolente do jogo contra o ABC para o time vibrante do Recife?.

Como esconder isso? Como ignorar tais fatos? A função do jornalista esportivo é apontar erros e contradições e escancarar aquilo que outros não observam.

Nestes tempos em que tudo parece nebuloso, parece que existe disposição para inversão de papéis. Advogados querem fazer papel de engenheiros; Engenheiros querem desempenhar as funções de pedreiro; arquitetos querem ser como jornalistas e no final de contas o que sobra? Nada. Sobra falta de conhecimento e conclusões equivocadas.

No futebol, o cenário é abundante. Evidente que o torcedor deve ter espírito crítico. Natural que o torcedor ponte pretano não pode ignorar o segundo tempo e as falhas que levaram ao empate. Mas é loucura esquecer a evolução apresentada de um jogo para outro. O torcedor deveria enaltecer que surgiu uma luz no fim do túnel. . Celebrar que a Ponte Preta jogou futebol de verdade como visitante e deixou a preguiça de lado.

Futebol não é apenas talento, disciplina tática e estado de espírito. É discernimento. Mesmo com suas limitações e problemas de conceito o básico não pode ser desprezado: A ponte não perdeu dois pontos. Ela ganhou um ponto. Ou alguém achava que antes da bola rolar existiria um atropelamento pontepretano? Esperamos que tal pegada continue no jogo contra o Atlético Goianiense. Porque já dá perceber que João Brigatti tenta incutir na mente dos jogadores o que é ser verdadeiramente jogador da Ponte Preta no século 21. Não é pouco.

(Elias Aredes Junior-Foto de Rafael Bandeira / SCR)