Uma análise sobre o panorama político do Guarani e a eleição do Conselho Deliberativo

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As eleições do Guarani estão sob o signo da controvérsia e da confusão. O diagnóstico da Comissão Eleitoral foi devastador para a chapa liderada por Palmeron Mendes Filho. Componentes da chapa não teriam regulalizado suas participações e isso inviabilizou o registro.

Para quem tiver tempo de ouvir os componentes da Chapa “Nova Jornada” tomará conhecimento de que a decisão para eles é equivocada. Segundo eles, o regulamento definido anteriormente estabelecia que ocorreria a concessão de um prazo de 48 horas após a reunião da Comissão Eleitoral para que as chapas regularizassem a situação. Anselmo França tem um entendimento diferente. Ele explica que, ao detectar cada irregularidade, o aviso foi encaminhado às três chapas pessoalmente e com documento protocolado por cada concorrente. Ele ainda completa: “Teve notificação feita no dia 29 e até dia 03 de fevereiro não tinham apresentado documentos.. Casos foram notificados no dia 31/01 e no dia 03, data fora do prazo, não deram algum retorno e os casos pendentes seguiam”, disse França, que foi enfático. “Não existia mais prazo para notificar pendências”, arrematou.

Palmeron espera que o quadro seja revertido. Caso contrário, pode apelar a Justiça. O que tirar de conclusão de todo esse imbróglio?

Em primeiro lugar que Palmeron não deverá desistir e recusará a resolução. Permanecer com a chapa e participar da eleição são fatores vitais para sua sobrevivência política no Guarani. Imagine como a imagem presidencial seria devastada caso não conseguisse participar do pleito de escolha do Conselho Deliberativo. Repito: mesmo que seja derrotado na urna, Palmeron precisa comprovar sua legitimidade e influência no pleito. O caminho é na eleição do Conselho Deliberativo. Mesmo derrotado, ele teria condições de angariar cadeiras no Conselho para influir na escolha da próxima composição do Conselho de Administração.

Palmeron precisa continuar com a chapa em disputa para ser um antagonista relevante com Horley Senna. Mesmo sem mexer um único dedo, a destituição da Chapa de Palmeron é  uma vitória estrondosa para Horley sob o ponto de vista político. Teria a convicção que ficaria com o monopólio do discurso que lhe levou ao poder em 2014 e sem preocupação de embates futuros, pois a destituição derrota três inimigos simultaneamente: Palmeron, Álvaro Negro e Odair Paes Junior. Horley Senna teria o caminho livre até para convencer os apoiadores de Palmeron de que ele seria o caminho e a alternativa para o cumprimento da sentença de Roberto Graziano e sem prejudicar o Guarani.

Digamos que a destituição da chapa seja mantida e apenas a “Hoje e Sempre Guarani” e “Renova Guarani” estejam aptos a disputarem as 80 cadeiras no dia 11 de março. A única dúvida que ficará é a seguinte: para quem vão os votos que seriam da chapa de Palmeron? A priori só existem quatro caminhos: brancos, nulos, “Hoje e Sempre Guarani” e “Renova”. Poderia chegar a uma solução simplista, mas não é.

Cada um terá que lidar com seus fantasmas. A “Hoje e Sempre Guarani”, terá que ultrapassar a rejeição colocada em cima de  Horley Senna. Convencer principalmente o eleitorado de um candidato que está rompido com ele e cujos os apoiadores tiveram como motivação principal derrotar o ex-presidente. Como resposta, Horley Senna sempre afirma que sua rejeição é motivada porque combate privilégios e distorções dentro do Guarani.

E o Renova Guarani? Qual o obstáculo? Em primeiro lugar, o noviciado. Os componentes nunca estiveram a frente de um posto de comando bugrino. A saber: presidência do Conselho de Administração e do Conselho Deliberativo. Estarão preparados? Vão decepcionar? Sabem como fugir das armadilhas da política bugrina? Não são perguntas fáceis. Os componentes da Chapa encaram ainda as acusações de opositores de que são elitistas e antidemocráticos. Ao serem consultados, eles rebatem com dois argumentos: a imagem de elitista é falsa pelo fato de que a maioria dos componentes são de classe média e não há ninguém rico. Além disso, eles afirmam que sempre respeitaram o estatuto e as decisões democráticas tomadas pelo Guarani.

As apostas estão abertas. Tudo poderá acontecer. O fato é único: todos os fatos são provas cabais de como a guerra política destruiu o Guarani nos últimos anos.

(análise, texto e reportagem: Elias Aredes Junior)