Uma reflexão sobre discursos, brigas, discussões, vaidades, cumprimento de ordens judiciais e uma pergunta: quando o Guarani será prioridade para valer ?

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A semana será iniciada com uma expectativa na torcida bugrina: a discussão pública vai continuar? Roberto Graziano, antes recluso, deitou falação aos veículos de comunicação. Exibiu queixas, mostrou ressentimento com Horley Senna, pediu revisão de contratos, falou sobre a situação financeira do Guarani e deixou a entender a impossibilidade de pagar as dívidas e construir uma nova Arena.

Do outro lado do “ringue”, Senna explicou e deu justificativas e ainda jurou que está na defesa do Guarani. Diz que não vai arredar o pé da sentença emitida pela juíza Ana Claudia Torres Viana, que entre outros requisitos, estipula que a cartão de alienação só poderá ser direcionada ao empresário caso as ações trabalhistas estejam quitadas. Como tal cenário ainda parece distante, o futuro é incerto.

Horley Senna promete para segunda-feira a divulgação da comissão técnica e de jogadores com contrato renovado. Correto e justo. Só que algo não pode ser perdido de vista: mesmo na entrevista coletiva, estes assuntos não foram prioritários. Eram periféricos. O foco era a briga do presidente com Graziano.

Uma medida urgente e necessária diante de uma distorção que ficou em segundo plano: o próprio Guarani. Cabe a pergunta: e o Guarani? Quando será prioridade na teoria, na prática e sem dar espaços para outros assuntos?

Do lado de Graziano, nem precisamos esticar a explicação. Ele é um homem de negócios. Pensa em lucro imediato e de longo prazo. Reflita: se Graziano estivesse de posse da carta de alienação, a preocupação com o Guarani seria a mesma? Ele atuaria como conselheiro financeiro e salvador da pátria das finanças bugrinas se já pudesse arquitetar os planos para a área do complexo do estádio Brinco de Ouro? Lógico que não. Nem pode ser condenado. Seu perfil e comportamento foram claros desde o início. Ele vê no Guarani não um clube capaz de lhe servir de porto seguro para sua paixão clubistica e sim um local para alavancar os seus dividendos. Isso chama-se capitalismo. Faz parte do jogo.

Horley Senna, por sua vez, tem sua estratégia dividida em duas partes. O seu discurso é de defesa do Guarani. Não duvido. É torcedor e tal postura é até esperada. Mas seu comportamento neste episódio é antes de tudo, a defesa do seu grupo político e com ambições de permanecer após a eleição de 2017. Horley e seus aliados  apresentaram a Magnum como salvação da lavoura, financiadora do departamento de futebol e único caminho para construção de um novo tempo. Se tudo desse certo, com toda a justiça, o grupo colheria os dividendos políticos.

As brigas e a discórdia com Graziano, o fim dos aportes no departamento de futebol não estragam e prejudicam apenas o Guarani mas especialmente a plataforma eleitoral vendida nos últimos três anos. Apesar do acesso á Série B ser uma realização poderossíma para as eleições de março do ano que vem, é a parceria com a Magnum alimenta  o alicerce do seu programa de governo.

A entrevista coletiva da semana passada não foi apenas um acerto de contas com Graziano. Foi um gesto de dizer ao torcedor e eleitor bugrino que tudo “sob controle”, que o horizonte anunciado vai acontecer e que não há motivos para desconfianças. Ou seja, uma maneira de preservar o legado político construído.

Repito a pergunta já feita: e o Guarani nisso tudo? O tempo passa, o planejamento mostra-se atrasado, existe a necessidade de montar um elenco, subir na Série A-2 e obter a manutenção na Série B. Por enquanto o foco é mais nas pessoas ou projetos do que no clube. Convenhamos: não está na hora de mudar a prosa, pensar na instituição e deixar de acreditar em pessoas e poções mágicas para salvar uma instituição centenária? É hora de acordar. Antes que seja tarde.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

3 Comentários

  1. Você escreveu “Horley Senna promete para segunda-feira a divulgação da comissão técnica e de jogadores com contrato renovado. Correto e justo.”

    E, logo depois “Uma medida urgente e necessária diante de uma distorção que ficou em segundo plano: o próprio Guarani. Cabe a pergunta: e o Guarani? Quando será prioridade na teoria, na prática e sem dar espaços para outros assuntos?”. Oras, se exatamente antes deste parágrafo afirma que Horley tratará esta semana da divulgação da comissão técnica e da renovação de contratos, isto é o próprio Guarani, certo? Ficou meio contraditório isto tudo.

    Sem contar que este assunto da Magnum também é cuidar do Guarani!! Oras, hoje o futuro do clube passa pela resolução deste caso.

    Tenho (muitas) reservas contra o Horley, mas a matéria critica algo que tem que se dar atenção nos dias atuais do Bugre.

  2. Não é contraditório nao…Por que essa fala do Horley na entrevista ficou em segundo plano. Não era o tema central da entrevista. O motivo da entrevista era sua briga com o Graziano. Automaticamente, o Guarani não é prioridade e sim a disputa politica-judicial e até pessoal. Simples assim.

  3. O que quis dizer é que tratar deste assunto Magnum é tratar, sim, do Guarani, não é deixar o Guarani em segundo plano. E, se o assunto renovações ficou em segundo plano, ficou não pela vontade do Horley, mas por puro interesse da imprensa. Se Horley for ser entrevista por vc, Elias, conceituado jornalista (e não estou sendo irônico), qual assunto que vc priorizaria? Seja sincero. Imagina então os jornalistas, noticiar coisas corriqueiras num clube como renovação de atletas ou a disputa Guarani X Magnum?