Por que o Guarani parou de jogar em alto nível na Série B?

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Não há como recusar o lugar de Vadão na história do Guarani. Com um vice-campeonato paulista e um acesso nacional no currículo, ele já está no pódio do clube ao lado de José Duarte e Carlos Alberto Silva.

O retrospecto geral não coloca neblina em um cenário preocupante. O Guarani parou de jogar. Não intimida mais ninguém. Time lutador e de brio, não há dúvida. Só que sem força para incomodar os oponentes.

Os números são devastadores. Se contar o confronto com o Internacional, a última minimeta e a derrota para o Brasil, em Pelotas, são seis gols marcados nos últimos oito jogos, sendo que a partir do Luverdense, o Alviverde não sabe o que é comemorar um gol. Ou seja, 270 minutos sem balançar as redes.

O reflexo é imediato. De acordo com dados da Universidade Federal de Minas Gerais, se levarmos em consideração as últimas 10 rodadas, o Guarani tem 9 pontos somados. Campanha de quem luta contra o rebaixamento. Neste ranking específico é o penúltimo colocado e só consegue ser melhor que o ABC, com quatro pontos somados em 10 rodadas.

Existem motivos práticos para tensão. Vadão tem todo o direito de reclamar pela falta de um jogador velocista em virtude da ausência de Rafael Silva, recuperado de lesão. Entretanto, a cada rodada que passa fica cada vez mais difícil sustentar a titularidade de Eliandro. Este jornalista vislumbra sua utilidade tática, na dividida com os zagueiros adversários e sua força física. Ficar longe do gol não serviria de álibi para ornamentar características secundárias para um centroavante.

Fato ainda que os volantes pecam pela irregularidade. Antes, um esclarecimento: o problema já acontecia com Auremir, vendido a Turquia. Colocado este dado, é de se comemorar a desenvoltura de Lenon como segundo volante. Tem força, vitalidade e chegada para arrematar de média e longa distância.

Duro é a lentidão de Evandro no bote de marcação e de Richarlyson, que demonstra perda de fôlego nos minutos finais. Betinho? Esforçado, dedicado, mas por enquanto só exibiu um arroz com feijão sem tempero. No futebol atual, o volante precisa de algo a mais.

Veja uma constatação nefasta: o Guarani não suporta pressão. Tomar gols nos minutos finais virou rotina. Diante do Ceará, Artur empatou aos 39min do segundo tempo;o zagueiro Adalberto conferiu para o CRB aos 46min da etapa final; Carlos Henrique fez o gol da vitória do Londrina aos 85 minutos de jogo. Para completar, Rafael Ratão foi o herói do Luverdense ao fazer o gol aos 46min do segundo tempo e na sexta-feira passada, o atacante Lincom assegurou o gol do Brasil de Pelotas aos 38 minutos do segundo tempo.

O roteiro tem vários antagonistas. Explicita queda de rendimento físico nos minutos finais. Ausência de um velocista para desafogar o time e puxar o contra-ataque. E talvez, o principal problema: falhas crônicas no rebote defensivo. A mecânica é simples: o Guarani tem um zagueiro para espanar a bola e afastá-la; ao invés de um jogador bugrino dominá-la e levar ao campo ofensivo para ganhar tempo, o passe sai errado e a pressão retorna no campo defensivo bugrino.

Como consertar? Como fazer o Guarani voltar a jogar e conquistar pontos e vitórias? Com treinamentos, concentração dos jogadores nos mínimos detalhes e busca incessante do treinador para construir novas alternativas. Sem isso, vai ficar difícil voltar a sonhar com o acesso. Até a permanência corre risco. Aguarde e verá.

(análise feita por Elias Aredes Junior-Foto de Brasil F.C)