Uma reflexão sobre Arena, Moisés Lucarelli, Sérgio Carnielli e os valores que realmente importam nesta vida

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O presidente de honra, Sérgio Carnielli, concedeu neste sábado uma entrevista ao Canal Esportes On Line. Por quase duas horas dissecou os seus planos para os entrevistadores Alberto César, José Henrique Semedo, João Carlos de Freitas e Valdemir Gomes. Um dos temas abordados foi a questão da construção da Arena no local em que se encontra atualmente o Centro de Treinamento do Jardim Eulina.

Carnielli afirma que a arena vai sair e que não quer discutir com os opositores do projeto. Direito dele pensar assim. Mesmo que discorde. É a sua visão.

A sua resposta, entretanto, serve de largada para uma reflexão: em que bases será construído este novo equipamento?

Não falo de dinheiro, poder, influência, alcance ou tudo aquilo que norteia o capitalismo e que viabiliza empreendimentos. Falo de algo muito tangível e que permeia todas as relações humanas. Tem nome: sentimento. Amor.

Quando o estádio Moisés Lucarelli foi erguido e inaugurado em setembro de 1948, tudo aquilo foi o desembocar de um processo que envolveu uma avalanche de amor que invadiu Campinas. Amor pelo clube, pela comunidade, pela cidade.

Quando pais de família tiravam alimentos da própria boca para construir o Majestoso, não era uma mera doação: era o investimento na esperança, na solidariedade, no sentido comunitário, na busca do bem comum. Na fé de que um dia ele poderia usufruir aquele pedaço de concreto.

Milhares entregaram um pedaço de suas vidas, passaram por provações e transformaram o Moisés Lucarelli em realidade.

Não é à toa que o torcedor tem tamanha resistência em desapegar. Entendo, compreendo e considero que, se uma reforma fosse promovida, o apoio seria maciço. Seria como comprar uma roupa nova para uma mãe que tanto lhe entregou.

Onde está o erro de Carnielli? Sua obsessão em construir a Arena está avalizada em conceitos: ressentimento, ódio, materialismo, desprezo a opinião do semelhante.

Ele pode até conseguir levantar o estádio, mas terá atrás de si um espiral lotado de desprezo e ódio nutrido por milhares . Você pode achar que o dinheiro pode tudo. Que encobre totalmente deslizes e equívocos. Será mesmo?

Não existe alegria inconsequente. Ou alienação barata. “Ah, quando o torcedor sentar na arena confortável ele vai esquecer tudo isso”, diriam alguns. Não vai.

Vivemos uma época em que aqueles que tomam atitudes dotadas de gentileza, simpatia, sabedoria, conhecimento, empatia e humanidade entrarão na porta da frente da história. Exemplo disso é a empresária Luiza Trajano que, mesmo contra tudo e todos, adotou a humanidade como conduta na época da pandemia. Nunca será esquecida.

Carnielli adota a trilha abraçada por parte relevante da sociedade brasileira: a de que o próprio interesse precisa prevalecer sobre tudo e todos.

A Ponte Preta não é apenas o Conselho de Deliberativo. Ou a assembleia de sócios. A Ponte Preta é multidão espalhada pelos quatro cantos de campinas. Carpinteiros, pedreiros, desvalidos, necessitados, profissionais liberais…Será que essa massa aprova como as coisas estão sendo feitas? Será que eles não querem ser ouvidos?

A Ponte Preta não é uma empresa. Ainda. É uma associação sem fins lucrativos. Um símbolo da cidade de Campinas. Assim como o estádio Moisés Lucarelli. Que é mais do que uma grande estrutura de concreto. Sentimento e consideração é o que se espera neste momento dos homens que enxergam além do tempo. Sem rancor. Sem ressentimentos. Com amor pelo clube. Incondicional. Infelizmente, tal ativo está ausente da vida da Macaca.

(Análise feita por Elias Aredes Junior)