Raphael Claus apitou o final do jogo e o sentimento de alívio era evidente entre os torcedores do Guarani presente nas arquibancadas do estádio Walter Ribeiro, nas redes sociais e aplicativos de mensagens.
A goleada de 5 a 0 sobre a Internacional de Limeira assegurou a permanência na Série A-1 do Campeonato Paulista e de quebra evidenciou equívocos nas decisões do Departamento de Futebol Profissional e do Conselho de Administração.
Não cabe aqui o caso de querer detonar ou destruir o profissional.
Nada disso.
Até porque ele comprovou o seu valor no ano passado.
Só que é impossível fechar os olhos para a mudança de postura dos jogadores sem a presença de Mozart no banco de reservas. Esqueça qualquer teoria da conspiração, puxação de tapete ou coisa parecida. A conclusão é simples: neste ano os métodos do treinador não se encaixavam no elenco montado e planejado por Rodrigo Pastana.
Simples assim.
Um tempo precioso de trabalho foi perdido ao se apostar em um modelo que não servia para este elenco que está aí.
Você pode perguntar: onde está o erro do Conselho de Administração?
Apesar do estatuto do Guarani prever e exigir que o governo está na mão de sete pessoas e que todas as decisões do campo devem ficar nas mãos dos responsáveis pelo futebol, nós não podemos esquecer o fundamental: no Brasil, o futebol é presidencialista.
Só um manda. Mesmo que seja por consentimento.
Por vezes, até sob a revelia da lei.
Infelizmente, nós não temos informações de que Ricardo Moisés quis interferir e estancar no processo de degradação que acontecia no gramado.
Pelo contrário.
Na entrevista coletiva concedida na semana passada, ele enalteceu que treinadores como Thiago Carpini e Daniel Paulista ficaram por um longo período e diante disso seria natural dar uma chance para Mozart.
Ricardo Moisés só esqueceu de um detalhe: tanto Carpini como Daniel Paulista trabalhavam e tiveram um bom período de resultados. E mais: ganharam dérbis, o que deu fôlego para a continuidade do trabalho. Ou seja, Ricardo Moises até tinha um conceito correto mas aplicou em uma conjuntura totalmente adversa e equivocada para sua postura.
Para completar, em uma completa comprovação da imaturidade política reinante no Guarani, o banco de reservas ficará sem um titular até o dia 12 de março.
Cá entre nós: em um futebol cada vez mais profissional e calcado no planejamento, é uma decisão que beira o absurdo. Tanto a chapa Avante Guarani e Unidade Bugrina não conseguem deliberar para que o Superintendente de Futebol, Rodrigo Pastana procure um novo treinador, independente do processo eleitoral.
O quadro fica ainda mais equivocado se pensarmos que Rodrigo Pastana foi contratado pela atual administração e teve aval da atual oposição para montar o time que subiu para a Série B em 2016. Ou seja, os dois grupos conhecem o trabalho do dirigente. O que impede a aceleração do processo e a busca do bem comum? Taí uma resposta que seria merecido por parte da torcida bugrina.
E o torcedor? Eu sei que é difícil seguir o conselho que vou dar mas lá vai: como diz a música do genial Tim Maia, não esquente a cabeça. Você, torcedor, não é problema. É solução. Você tem zero culpa pelo atual quadro vivido no estádio Brinco de Ouro.
Você cumpre sua parte de modo impecável: comparece aos jogos, torce, incentiva, sofre, empurra o time e ainda quando sobre recursos ainda compra materiais oficiais do clube.
Pergunto: qual a sua culpa? Nenhuma. Mais: e invertendo um quadro delicado vivido há tempos, uma parte relevante da torcida tem deixado a alienação de lado e exercido um espirito critico essencial, que produz mudanças nas atitudes e decisões dos dirigentes.
Você pode sentir tristeza e ansiedade por querer o Guarani em situação melhor. Agora, raiva? Tensão? Nada disso. Deixe isso para a cabeça dos dirigentes. Eles é que precisam sentir raiva de si mesmo diante de tantos vacilos e medidas erráticas. Tomara que aprendam. A Série B é logo ali.
(Elias Aredes Junior- foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)