Guarani: como os dirigentes destruíram a autoestima de um clube centenário e campeão

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Giovanni Augusto meteu a boca no trombone. Reclamou de atraso de salários, de medidas equivocadas do Conselho de Administração e disparou que o clube está largado. De imediato, surgiram vários detratores do ex-jogador. Motivo? Como ele não produziu de maneira satisfatória, então ele não poderia dizer nada. Deveria ficar quieto. Ou falar enquanto estivesse no Guarani.

Essas reclamações nada mais são do que cortina de fumaça para esconder o essencial: o Guarani, a instituição Guarani Futebol Clube não tem amor próprio. Tem prazer em se enveredar pelo sofrimento, pela corrosão de suas bases.

Sim, porque considero que deveriamos até desprezar a opinião de Giovanni Augusto se isto fosse um fato fortuito. Não é.

O Guarani acumulou por anos e anos um histórico de fatos que sempre jogaram contra a instituição. E os homens que cuidam desta instituição pouco fizeram para afastar esses fatos vergonhosos.

Ou esquecemos que um dia o Guarani teve uma greve dos jogadores profissionais em 14 de novembro de 2003? Como também não dá para esquecer que, em 2006, logo no início de uma nova administração, uma urna para colaboração dos torcedores foi colocada na frente do estádio para arrecadar recursos. Tentativa até bem intencionada, mas que intensificou a vergonha. Afinal, um clube pedir esmola. Como assim?

Assim como tivemos jogadores  que ficaam dentro do vestiário para esperar um pagamento de salário que não aconteceu. Vexame. Vergonha.

Lembram-se ainda de que um dos argumentos para vender o Brinco de Ouro seria o exterminio das dívidas trabalhistas. O estádio foi vendido, mas de 100 ações trabalhistas foram quitadas e as contestações judiciais persistem.

O que dizer então da luta pela vaga na Copa do Brasil? O Conselho de Administração perdeu o prazo para apresentação da petição e o mérito nem foi julgado.

Depois deste breve histórico será que o problema está nas denúncias de Giovanni Augusto? Será que o problema não é a ausência de enfrentamento das mazelas de um clube que não tem mais auto estima e amor próprio?

Será que o ponto central da crise bugrina não é o fato de sempre se busca terceirizar a culpa e nunca encarar os fatos como eles são: um clube histórico, tradicional, com muitas conquistas, que passou por uma grave crise, mas que nos últimos anos sempre contou com dirigentes prontos a conduzir uma gestão que preocupa-se com a embalagem e muito pouco com o conteúdo e com avanços sólidos e significativos?

Quem tem amor próprio procura antes de tudo entender os seus problemas. A instituição Guarani Futebol Clube parece que não é amada por seus dirigentes. Pior: deixam em uma areia movediça institucional que só produz prejuízo. E aqueles que comandaram no passado, presente e no futuro parecem poucos dispostos de elevar a autoestima de uma agremiação tão machucada. Uma pena.

(Elias Aredes Junior-com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)