A vida oferece caminhos. Bem ou mal. Maldade ou gentileza. Violência e força contra inteligência. Algumas pessoas fazem escolhas que nos trazem surpresa. Transformam o mundo em um lugar melhor. Marcos Rossato, falecido nesta segunda-feira aos 48 anos, exerceu por 15 anos a função de segurança na Ponte Preta. Teria todas as condições para deixar um legado negativo. Subverteu a ordem da vida e deixou saudades.
Era silencioso. Demonstrava sua visão de mundo por gestos. Por sete anos fui setorista do Jornal Tododia na cobertura do noticiário de Ponte Preta e Guarani. Todos os dias encontrava o “Marcão”, seja no Centro de Treinamento ou no estádio Moisés Lucarelli. Afinal era ele que abria a porta. E quando precisava dar ordens amargas, fazia quase com semblante envergonhado e pedia compreensão.
Cumprimentava de voz baixa, sem gestos bruscos. Tinha uma característica que ganhava o respeito de todos: a gentileza. Sabia lidar com torcida organizada, jornalistas e dirigentes com idêntica altivez. Apesar de exercer uma função em que a utilização da força parecia algo natural, sempre tinha o foco no diálogo. Só em ultimo caso entrava em ação. Um pacifista. Sua morte gerou comoção na torcida e no mundo da bola. É um desses personagens que fazem diferença.
Por diversas vezes eu saia do treinamento e ele também dirigia-se ao merecido descanso. Com toque de humor, pois o seu automóvel era um Uno. Entrava, espremia-se no veiculo e dava um sorriso para demonstrar que não se abalava.
Por volta de 2014 ou 2015, tentei fazer um perfil dele. Pedi ajuda da assessoria de imprensa. Delicadamente, ele recusou. Disse que preferia ficar discreto. Uma pena, tenho certeza que conheceríamos ainda mais um grande cara. Descanse em paz. E que Deus abençoe os familiares.
(Elias Aredes Junior)
Elias faça o perfil desse primo tão querido! Será muito bonito mais pessoas saberem de sua história e será uma linda lembrança para a familia??