Entra ano, sai ano e o drama continua. Os funcionários do Guarani não recebem seus salários regularmente. Benefícios como 13º, férias e salários de dezembro não foram quitados por presidentes anteriores. Ninguém escapa: Horley Senna, Palmeron Mendes Filho, Álvaro Negrão, Leonel Martins de Oliveira, José Luís Lourencetti. Alguns desses benefícios foram quitados posteriormente. Outros não. Quais? Não sabemos porque a contabilidade não é aberta.
Este ano de 2019 repetiu o filme de anos anteriores. Funcionários desesperados acionam torcedores, conselheiros e jornalistas para que verbalizem os seus dramas. Que projetem suas necessidades materiais e de autoestima. Não houve mês que tal comportamento não foi registrado e descrito em grupos de Whatsapp e de Facebook.
Dezembro não foi diferente. Fui procurado por fontes que descreveram dificuldades. Tudo isso gerado por quantias não pagas de mil reais, dois mil reais.
Nesta semana, procurei o presidente Ricardo Moisés e ele disse que o quadro seria resolvido. Na sexta-feira, em entrevista à Rádio Bandeirantes, ele admitiu que o procedimento não deu certo. “O Guarani conseguiu R$ 1,8 milhão na sexta-feira passada, e esse valor foi depositado na conta judicial do Guarani na Justiça do Trabalho. Peticionamos nos autos o pedido de liberação de 80%, como vinha sendo feito nos últimos três anos com as receitas do Guarani. A Justiça sempre fica com 20%. Com esse valor, a gente ia quitar a folha dos jogadores, os salários de todos os funcionários, comissão técnica e também o 13º salário dos funcionários”, explicou.
Posteriormente, ele complementou a explicação. “Para a nossa surpresa, na quinta-feira veio uma decisão de juiz de primeira instância bloqueando 100% das receitas do clube. Decisão que deixou todo mundo espantado e sem fundamento nenhum. A gente entrou com recurso, com mandado de segurança no Tribunal, e estou aqui desde o início da tarde. Acabou de sair nesse momento a decisão para o Guarani levantar 80% do valor que conseguiu na sexta passada. Agora vamos levar mais um ou dois dias para fazer o levantamento dessa guia que vai ser expedida pela Justiça do Trabalho para realizar os pagamentos”, completou.
Independente disso, o ano de 2020 precisa ser diferente, seja com Ricardo Moisés ou com o próximo presidente eleito em março. Aviso: a promessa era de que os trabalhadores do Guarani seriam contemplados com alguma quantia na sexta-feira.
Não dá mais para conviver com especulações de que todo o dinheiro arrecadado é direcionado ao departamento de futebol profissional e os funcionários ficam por último na fila.
Sim, os atletas tem direito a receberem seus salários. A carreira é curta e existe a necessidade de fazer pé de meia.
Só que quem apara o gramado, arruma o uniforme, prepara o almoço ou faz os serviços de limpeza também precisa receber a devida atenção e carinho. Seja qual for o período de atraso, não é condizente com um clube que conhecido no passado pela excelência dos seus compromissos.
Não condeno o presidente Ricardo Moisés. Assumiu recentemente e alguns processos demoram para serem normalizados. Só espero que em dezembro de 2020 aqueles que batem ponto no estádio Brinco de Ouro não estejam felizes apenas pelos gols e vitórias bugrinas, mas também porque colocam comida na mesa de seus entes queridos.
(Elias Aredes Junior)