Análise Ponte Preta: a torcida quer sonhar. Mas o lema agora é sofrer primeiro para sorrir no final. Vai dar certo?

0
1.204 views

Enganam-se redondamente aqueles que imaginam um sentimento único e indivisivel de uma vitória esportiva. Sensações distintas podem ser geradas pelo simples balançar das redes. Este cenáriuo é elemento chave para entendermos porque a torcida da Ponte Preta lamenta  a saída de Hélio dos Anjos e fica aflita com a equipe colocada em campo por Felipe Moreira ou por qualquer outro treinador que  será contratado.

Nos poucos instantes de bom futebol na Série B do ano passado e na Série A-2 deste ano, o roteiro para a Macaca sob o comando de Hélio dos Anjos era idêntico : a Macaca fazia marcação sob pressão no campo adversário, tentava retomar a posse de bola e quando impedia o avanço do adversário partia com velocidade e movimentação. Ou seja, quando a vitória ocorria dentro do gramado, o torcedor pontepretano tinha  sensação de que a vitória foi merecida e incontestável. Por que? O time se impós, pressionou, fez valer a dimensão da camisa e exibia garra e determinação. Ou seja, era uma construção voltada a dominar o oponente e não deixava dúvida sobre a sua superioridade.

E agora? Em primeiro lugar, ninguém, absolutamente ninguém pode virar as costas e ignorar que o time contra a Chapecoense estava bem posicionado na defesa e os contra-ataques parecem ter sido treinado. O gol de empate foi uma ducha de água fria. Se a vitória acontecesse, no entanto, a impressão que ficaria é de uma Ponte Preta calcada na busca de uma oportunidade de gol, de uma brecha para vencer. É lícito? Claro que é. O detalhe é que não é isso que a torcida deseja.

Seja qual for o técnico, ela quer um time dominante, ousado, que não tenha medo dos oponentes e que encurrale dentro e fora de Campinas.

O torcedor da Ponte Preta está chateado porque considera que os dirigentes adotaram um caminho pragmático para atingirem os seus objetivos. Enquanto isso, as arquibancadas querem sonhar. Ou pelo menos terem direito a tal atitude. Pelo andar da carruagem, o jeito será sofrer primeiro para sorrir depois. É dura a vida do torcedor.

(Elias Aredes Junior- foto de Tiago Meneghini | ACF)