Brigatti e Louzer: nada como sentir-se acolhido. E em casa!

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Umberto Louzer. João Brigatti. Dois treinadores de duas equipes centenárias. Rivais. Provavelmente estarão no banco de reservas no próximo sábado. Nesta terça-feira, vão buscar vitórias para se aproximarem do grupo de classificação.

Cada um tem triunfos para contar.

O ex-goleiro pontepretano resgatou a autoestima do torcedor, faturou o título do interior e apesar do elenco limitado sonha com o acesso. Louzer, ex-volante bugrino no ínicio do Século sagrou-se campeão da Série A-2 e apesar da saída de atletas, soube reinventar-se. Ambos já estão na história de Ponte Preta e Guarani. Qual o segredo?

Ao olhar a biografia de um e de outro chegamos a conclusão do acidente de percurso do sucesso colhido por Gilson Kleina e Guto Ferreira na Macaca e de Lisca e Marcelo Chamusca no Brinco de Ouro.

Não é difícil explicar. Brigatti é pontepretano até o último fio de cabelo. Conhece cada corredor do Majestoso. Funcionários e torcedores falam com ele como se estivesse ao lado de um companheiro de arquibancada. Existe cumplicidade.

Erros são perdoados.

Vacilos enterrados em segundo plano. O amor Brigatiano explode pelos poros. Brigatti é Ponte Preta. Ponte Preta é Brigatti. Ponto final.

Não serei louco de deixar o sentimento de Umberto em relação ao Guarani em idêntico patamar. Perceba o processo. Umberto foi contratado no início do ano passado. Trabalhou como auxiliar técnico fixo de Vadão, Marcelo Cabo e Lisca. Exercia a função com Fernando Diniz.

Neste período nos bastidores do clube, ganhou a confiança ampla da galera. Do faxineiro aos assessores da área administrativa. No vestiário, nem se fala. Os jogadores gostavam e apreciam a pessoa. Ele se sentiu em casa. Não era um estranho. ?Assumiu o time, foi campeão da Série A-2 e hoje para muitos é um bugrino de quatro costados.

Hoje, ele divide opiniões na torcida. E seus apoiadores sempre colocam a identificação dele com o clube para defender sua gestão.

Faço questão de descrever estas duas trajetórias para expor o diagnóstico: apesar de apreciar a modernidade, a gestão profissional, não vou esconder procedimentos antigos (ou até atrasados que sejam) de Ponte Preta e Guarani.

São dois clubes que de certa forma não perderam o ranço da Campinas de antigamente, que olhava meio com desconfiança os forasteiros e só abraçava de modo entusiasmado quem tinha raízes. Sabia onde ficava o Largo do Rosário ou o Café Regina.

Apesar do titulo brasileiro de 1978, Carlos Alberto Silva precisou vencer resistências no Brinco. O vice-campeonato na Sul-Americana em 2013 não exterminou opositores ao trabalho de Jorginho.

Em contrapartida, Zé Duarte foi o técnico com o maior trânsito da história dos dois clubes. Pairava acima de todos. Respeitava a rivalidade, morava em uma residência próxima dos dois estádios e fez trabalho memoráveis nos dois. Era de casa. Filho da terra. Ou acolhido.

De certa forma, Brigatti e Louzer desfrutam de algo parecido. Para encarar o futuro, o futebol campineiro agarra-se a conceitos do passado. Vai entender…

(análise feita por Elias Aredes Junior)