A Ponte Preta deveria jogar o Brasileirão por inteiro e não pela metade

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No programa de humor “A Praça é Nossa”, um dos quadros de rápida duração é da dupla Dom Escalone e Pepo. O primeiro transmite ordens ao segundo, que leva tudo ao pé da letra e esquece dos detalhes e nuances. Resultado:  trapalhadas  inevitáveis. Pois eu digo que a Ponte Preta passa no Campeonato Brasileiro por um momento de “Pepo”, em que aplica algumas premissas no automático e sem se importar com as consequências.

Não mudo minha opinião de que são vitais os jogos contra Sport, Santa Cruz, Coritiba, Atlético Paranaense, Figueirense, Chapecoense e Vitória. São equipes com padrão financeiro próximo ao da Ponte Preta e cujo os elencos não contam com muitas estrelas. Vencê-los é a garantia de que o caminho para livrar-se do rebaixamento fica mais curto. Só que tal determinação não quer dizer que os jogadores devem desprezar as oportunidades que surgem diante dos gigantes.

Um cenário é você encarar equipes como Internacional, Grêmio, Corinthians e Flamengo. São gigantes e passam por fase técnica que, se não for favorável, pelo menos é mediana. Ou contam com esquemas de jogo sólidos, produtivos e que dão pouco espaço ao adversário. Somar ponto é tarefa indigesta. Mas abdicar da tentativa de lutar também é inaceitável.

Tais circunstâncias negativas, no entanto, não estavam colocadas diante de Atlético Mineiro e Cruzeiro. São gigantes? Sim, mas estavam sem confiança, com jogadores de baixa produtividade e com técnicos cercados de cobrança. O que deveria ser feito? Em situação normal, aproveitar a conjuntura e vencer ou na pior das hipóteses somar ponto.

O que preocupou nos últimos 180 minutos disputados pela Macaca é que em nenhum momento ocorreu a demonstração de uma postura de que poderia aproveitar-se da situação. Pior: jogou acuada e sem saída de jogo ao ataque. Tomar 7 gols da dupla mineira foi consequência da escolha.

Sim, o técnico português Paulo Bento foi muito feliz ao bloquear os avanços dos laterais da Ponte Preta e montar um meio-campo compacto que deixou seu oponente cercado e sem reação. Mas eis que vem a indagação: não existia plano B? Os jogadores não encontraram uma saída para fugir daquela cilada? O único com tal postura foi Felipe Azevedo, que apesar de encontrar-se em noite apagada buscou todos os espaços do campo para jogar e tentar algo diferente.

Os dois próximos jogos da Ponte Preta serão contra times do seu “campeonato”, ou seja, Vitória (BA) e Santa Cruz (PE) e em ambos a Macaca será visitante. Isso pode não permitir descaso e desleixo nos jogos contra São Paulo, Santos, Internacional, Fluminense e Botafogo.

No ano passado, contra equipes do seu patamar técnico e financeiro a Macaca teve um aproveitamento de 54,16%. Contra os 11 gigantes que disputaram a Série A no ano passado, a Macaca conquistou 25 pontos em 66 disputados. O aproveitamento ficou em 37,87%. Convenhamos: 37,87% é bem diferente de 0% ou de 1%, 2% ou 3% de aproveitamento. Esta lição básica de matemática precisa ser ensinada na Ponte Preta. Até para que a campanha não vire um programa de humor sem graça.

(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto de Fábio Leoni-Pontepress)