Análise Especial: Ponte Preta e a necessidade do resgate da esperança

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A Ponte Preta estreia na Série B do Campeonato Brasileiro no dia 09 de abril contra o Grêmio, no estádio Moisés Lucarelli. Jogo que já foi semifinal de Campeonato Brasileiro da primeira divisão. Partida que já coloca uma imensa responsabilidade nos ombros da Diretoria Executiva da Ponte Preta.

E não é apenas por causa do resultado. Tampouco em virtude da primeira aparição dos reforços. Que devem chegar. Por que não é possível a Macaca atuar na sua principal competição do calendário com uma equipe responsável pela queda à Série A-2.

Não, nada disso é primordial. Nem a continuidade do trabalho do técnico Hélio dos Anjos, um exímio especialista em Série B.

A partir dos 90 minutos contra o Grêmio, a missão da Ponte Preta será a de reconstruir a esperança. Fazer o torcedor pontepretano acreditar de que tudo será diferente. Algo novo irá acontecer. E para melhor.

Veja só. O torcedor consciente da Ponte Preta certamente a abraça a tese do “mato sem cachorro”. Não tem para onde ir. Não há estrada para almejar o final feliz.

Quando ganhou as eleições em novembro do ano passado, o Movimento Renascer Pontepretano venceu e teve respaldo em boa parte das redes sociais não por causa do seu programa de governo. A vitória aconteceu não foi por causa da integração das torcidas organizadas a chapa. Isso foi importante, mas não foi o primordial. O motivo principal do triunfo foi em virtude de que a comunidade pontepretana não suportava mais um mesmo grupo político dominar o clube há 25 anos. E com o tempero da briga, dissidência e de resultados sazonais que não se revertiam em evolução.

Pense bem: de 1997 até 2021, a Macaca foi duas vezes vice-campeã paulista, semifinalista de Copa do Brasil, segundo lugar na Copa Sul-Americana e disputou em 14 oportunidades a divisão de elite do campeonato nacional. Ou seja, teve dinheiro, projeção e visibilidade a disposição. De quebra, a equipe foi agraciada com recursos que lhe possibilitaram uma reforma no Centro de Treinamento do Jardim Eulina para receber a Seleção Portuguesa durante a Copa do Mundo 2014.

A pergunta que não quer calar: com tais resultados, o clube evoluiu em termos de infraestrutura a ponto de equiparar-se ao Athletico-PR, Ceará e Fortaleza? A resposta é um não bem redondo. Talvez isso que poucos percebam: Eduardo Lacerda não empolgou uma parte relevante das torcidas por este motivo. Ele representava um grupo que era sinônimo de estagnação. Sim, seus partidários reclamam até hoje que muitos não puderam comparecer devido a ameaças recebidas. E isso deve ser apurado. Mas não se pode perder de vista as dificuldades que foram impostas a um quadro qualificado e preparado.

Pois é. Neste contexto, o MRP assumiu com um capital político imenso. O presidente Marco Antonio Eberlin tomou posse sob o embalo da esperança e da expectativa de ruptura de um modelo que não proporcionou felicidade plena. Marco Eberlin vinha respaldado por seus resultados anteriores.

Deu tudo errado. Sim, Eberlin argumenta que a Covid atrapalhou o período de treinamentos, alguns atletas não deram o resultado esperado e que anti pontepretanos (na sua visão) utilizam as redes sociais para atrapalhar o ambiente. Para o torcedor comum pouco importa. O resultado final lhe corrói a alma. O time caiu. Depois de 23 edições seguidas. Vexame. Vergonha. Humilhação.

Agora, Eberlin, Luis Fabiano e todos os componentes da Diretoria Executiva não tem mais direito a falar nada. Eles precisam fazer. Montar um time competitivo que retire qualquer possibilidade de luta contra a queda. E que faça até sonhar com o acesso. Errar o mínimo nas contratações e ao mesmo tempo conduzir um trabalho de reconstrução da Ponte Preta e com saneamento de suas dividas que podem chegar a R$ 250 milhões.

Fato é que o torcedor pontepretano só quer sorrir e ter esperança. E aqueles que lhe fizeram chorar estão com a obrigação de recolocar o clube nos trilhos. Com a união de todos. Caso contrário, a decepção não tem hora para acabar. E isso não pode acontecer. O torcedor pontepretano não merece viver um novo pesadelo.

(Elias Aredes Junior-Foto de Alvaro Junior-Pont