Campinas, Mirassol ou Marília. Pouco importa. Tia Tânia sempre estará ao lado do Guarani

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Tânia Santana (segurando a faixa, primeira da direita para a esquerda: sempre ao lado do Guarani
Tânia Santana (segurando a faixa, primeira da direita para a esquerda: sempre ao lado do Guarani e dos seus torcedores na Série A-2

 

Qual o valor de uma paixão? Como mensurar um sentimento incondicional? Que limite estabelecemos para proteger, amar e defender aquilo que é precioso? São perguntas que não encontram respostas e que nem são buscadas pela dona de casa Tânia Regina Cardoso Santana, que há 45 anos tem uma razão de viver: o Guarani Futebol Clube.

Seja qual for o campeonato, estádio, meio de transporte ou companhia, ela é incansável na missão de nunca deixar desamparado o alviverde. Nesta terça-feira, a esperança será renovada quando o time entrar em campo para enfrentar o Taubaté, em jogo válido pela Série A-2 do Campeonato Paulista.

Assistir um jogo de futebol para alguns equivale a um entretenimento . Para Tânia (ou Tia Tânia como é conhecida nas arquibancadas), é algo que transcende o entendimento. Ver o Guarani é um ritual, uma cerimônia cuja sacralidade é arrematada quando a bola balança a rede e a camisa verde com quase 105 anos de existência celebra nova vitória.

O Milagre da Conversão

Um milagre celebrado há 30 anos. Sua “conversão” é uma daquelas histórias que misturam paixão misturada com imprevisibilidade. “Eu não era Bugrina e me tornei Bugrina quando me casei . Sou de uma família de pontepretanos, mas me casei e conheci o Guarani. Bateu a paixão e nunca mais o abandonei”, disse Tânia, rápida em confessar que seu amor era dividido entre o Guarani e seus quatro filhos, todos frequentadores das arquibancadas do Brinco de Ouro. “Depois que cresceram ninguém mais me segura. Vou para os lugares em que meu Guarani estiver. Antes eu era esposa do Betão e hoje ele virou o marido da Tia Tania, nome que a torcida carinhosamente me chama”, revelou em entrevista ao Só Derbi.

Uma tia e torcedora bugrina com coração de mãe

Tia Tânia” só fica embaraçada quando questionada sobre seu ídolo no Guarani. Por abraçar seus “filhos” do gramado sem distinção, a dona de casa tem dificuldade em escolher alguém para o trono supremo do coração. Todos são especiais. No final, um jogador vence a batalha no seu coração e por causa de um fator difícil de ultrapassar. “Tivemos tantos jogadores maravilhosos e marcantes no Guarani, como Zenon e Amoroso, que é um ídolo incomparável. Ou Caíque que nos deu uma alegria imensurável no Derbi 2009 (vitória por 1 a 0 no Estádio Moisés Lucarelli). Estaria sendo injusta de um citar um só. Mas o Careca (é meu ídolo principal) por ter nos dado o Título do Único Campeão Brasileiro do Interior, apesar de ter “tirado” um outro título (Campeonato Brasileiro de 1986”, explicou Tânia, sem medo de revelar um sentimento de gratidão por outro ex-bugrino em atividade. “Não posso deixar de citar o Fabinho, meu ídolo, filho postiço. Ainda mantemos contato toda semana. Ele me chama de mãe e sem dúvida ele é um eterno guerreiro bugrino”, elogia o jogador atualmente no XV de Piracicaba.

Sempre presente

Sua preocupação em nunca abandonar o Guarani é tamanha que Tânia Regina tem dificuldades em lembrar a oportunidade em que deixou de acompanhar algum jogo marcado pela CBF ou Federação Paulista de Futebol nos últimos 30 anos.

Tânia toma essa atitude porque o futebol para ela é uma grande arena, em que todos têm papéis distintos. Não será diferente na Série A-2, com duas vagas à disposição à elite do futebol paulista em 2017. “Somos (o torcedor) o 12º jogador. O Guarani só existe graças ao torcedor. Se não fosse essa torcida sofrida e apaixonada o GFC (Guarani Futebol Clube) não existiria mais. Infelizmente sinto que não somos reconhecidos, não temos o valor merecido. Por isso faço o possível para poder ter sempre alguém representando esse time”, explicou Tânia. Se o Guarani acumular a segunda vitória contra o Taubaté, “Tia Tânia” já tem uma convicção: sua participação e dos seus companheiros de arquibancada será relevante.

(Texto e reportagem: Elias Aredes Júnior)

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