Carlos Alberto Silva, um dos últimos exemplares de paizão no futebol

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Iniciei minha carreira jornalistica em 1994. Após uma estadia na Gazeta Guaçuana, desembarquei no já extinto Diário do Povo. Tempos depois, em 1996, passei a fazer parte da editoria de esportes. O Guarani exibia uma boa fase nos gramados. Era líder do Brasileirão quando de maneira abrupta Beto Zini demitiu Carbone e contratou Carlos Alberto Silva.

Tive poucos contatos com Carlos Alberto Silva. Na época, a responsabilidade de cobertura era do meu amigo Paulo Ferrari Viarti, hoje em Ribeirão Preto. Fica com matérias especiais e coberturas esporádicas.

Nos poucos encontros que tive com Carlos Alberto Silva ele me fez pensar e refletir pela primeira vez sobre a importância do aspecto humano do futebol. Ou seja, de importar-se com o jogador, de defendê-lo das criticas e ataques por vezes da imprensa.

Recordo-me uma vez que, ao acompanhar um treino no Guarani, eu e Ariovaldo Izac fomos interpelados pelo experiente treinador. Nós sentados na vitalícia para acompanhar a atividade e ele debruçado no muro do fosso. Estava inconformado com a cobertura crítica do jornal e expôs argumentos sobre a necessidade de dar um fôlego, ser mais compreensivo com aquilo que se passava com o Guarani.

Na hora confesso ter achado um disparate. Hoje, anos depois, entendo sua postura. Não tinha um comportamento de treinador e sim de alguém engajado de espírito paterno, para dar um puxão de orelhas no vestiário e defender com unhas e dentes as suas “crias”.

Detalhe: em nenhum momento pediu censura ou coisa semelhante. Compreendia o trabalho da imprensa. Vai fazer falta.

(análise feita por Elias Aredes Junior)