Guarani: time bom, elenco médio e técnico fraco e confuso?

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Um time de futebol bem sucedido é como uma receita de bolo. Não basta você contar com os ingredientes corretos. É insuficiente apostar que os utensílios da cozinha são capazes de produzir  sabor inigualável. Para dar liga e produzir frutos, é preciso que tenhamos um dono de restaurante (presidente) capaz, um maitre (diretor de futebol) esperto e um cozinheiro (técnico) especialista em deixar todos com água na boca, mesmo quando os ingredientes á disposição deixam a desejar. Na atualidade, é clara e cristalina a queda de qualidade técnica do Corinthians, mas a capacidade de Tite dá conta do recado. Faço este longo preâmbulo para discorrer sobre a atual fase do Guarani, distante da zona de classificação da Série A-2 e com preocupante queda de produção.

Ninguém pode dizer que o trabalho não foi planejado. A pré-temporada foi realizada, jogos treinos aconteceram e os reforços chegaram em tempo hábil de serem integrados. Não agarre-se na teoria de que o time é ruim. Para a Série A-2 do Campeonato Paulista não é. Longe disso. Pegorari é um goleiro que mostra segurança, Denis Neves e Oziel já demonstraram que tem potencial em outras oportunidades e no meio-campo não há como desprezar atletas como João Paulo, Diego Silva, Fumagalli, Douglas Packer. São atletas que outras equipes da Série A-2 gostariam de contar. No ataque, quem pode desprezar o potencial técnico de Flávio Caça Rato e do centroavante Max? Ninguém.

Para completar, os jovens oriundos das categorias de base tem potencial e capacidade para fazer a diferença. Gabriel Rodrigues é atacante qualificado, Watson e João Vittor tem boa performance como armadores ou atacantes e Wesley demonstra dinamismo que não pode ser desprezado.

Se tudo está colocado no lugar, o que falta para o sonho do acesso retornar com força total? É nesse contexto que entra Pintado. Ele começou bem porque definiu um esquema tático de início, com três armadores e Max isolado na frente. Ganhou do Monte Azul e Marília fora de casa e mesmo no empate contra Taubaté existia um time com cara e rosto, cenário repetido no empate sem gols diante do Bragantino.

A estrutura foi mantida na igualdade contra o Velo Clube, apesar das alterações efetuadas por Pintado, que ora tirava jovens como Gabriel Rodrigues do banco de reservas e em outras não servia. O que dizer então de Diego Tabata, utilizado como titular contra o Bragantino e retirado de campo contra o Velo Clube?

Veio o jogo com o Mirassol e Pintado piscou. Escalou Douglas Packer e Fumagalli, dois jogadores lentos . Aos poucos saiu do estilo com três armadores e bancou o clássico 4-4-2. Ou seja, tudo aquilo que foi treinado, arquitetado e pensado na pré-temporada foi deixado em segundo plano.

Coinciência ou não, o último lampejo de bom futebol ocorreu na vitória contra o Batatais, quando o Guarani voltou a atuar com três armadores, sendo João Vittor, Douglas Packer e Lorran e Flávio Caça Rato na frente. Algo intrigante é pensar que a estrutura foi mantida diante do Rio Branco e o time não passou de um empate por 1 a 1.

Posteriormente, as derrotas para Santo André (2 a 1), Paulista (1 a 0) e para o São Caetano (2 a 0) ora mostravam um time desordenado e apático e em outros uma equipe ansiosa e afobada e sem poder de reação.

Não sei qual medida será tomada pelo presidente Horley Senna caso novo revés ocorra contra o Votuporanguense na terça-feira, no Brinco de Ouro. Dificil cravar que o sonho da classificação voltará com força total. Mas algo começo a concluir: o Guarani tem  bom time, um elenco de médio porte e capaz de brigar pelo acesso e um técnico fraco ou na melhor das hipóteses, confuso. Se a demissão da comissão técnica não for o caminho adotado, algo precisa ser feito e logo. Antes que seja tarde.

(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto de Rodrigo Villalba-Memory Press)