Concordo que neste instante não há como pressionar os responsáveis pelo departamento de futebol da Ponte Preta para apresentarem um elenco completo para 2018.
Seria insanidade exigir que alguém exiba o que oferecerá ao público 10 dias após conhecer uma redução drástica de verbas. Ou seja, a margem de manobra fica estreita. Quase inexistente.
Como estamos em uma época de crise econômica, os times pequenos e médios sofrem para renovar, contratar ou surpreender seus torcedores. Neste quesito, não há como exigir nada do gerente de futebol Gustavo Bueno. Que, aliás, sequer sabe quem será o seu superior em 2018 em virtude da escolha da nova diretoria executiva sob o comando de José Armando Abdalla Júnior.
Tal cenário não exclui a culpa de Gustavo Bueno em um aspecto: o silêncio e a falta de esclarecimentos junto à torcida.
Ele sabe que sua reprovação é altíssima. Muitos o responsabilizam diretamente pelo rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro. Sua manutenção foi uma afronta na visão de torcedores e especialistas em futebol.
Gustavo Bueno deveria constatar que em tal circunstância a falta de comunicação eleva o ódio para um patamar quase sufocante. Neste período de recesso, seria a hora do dirigente remunerado aparecer na imprensa, de guarda abaixada, exibir seus argumentos, pedir desculpas pela queda e projetar o próximo ano.
Gustavo Bueno deveria explicar porque vai adotar determinado perfil de equipe e porque vale a pena continuar com Eduardo Baptista, apesar do índice pífio de aproveitamento no Brasileiro.
Se Gustavo Bueno não pode anunciar contratações, que esclareça pontos essenciais: o Paulistão será laboratório e para chegar às semifinais? O time terá um perfil defensivo ou ofensivo? Existe possibilidade de integração entre as categorias de base e o profissional?
Concedo a afirmação: em circunstância normal Gustavo Bueno não deveria dar explicações e justificativas. O superior daria conta do recado. Mas Vanderlei Pereira e Sérgio Carnielli não querem. Ou não gostam. Então, que Gustavo Bueno vislumbre a missão que tem diante de si.
Por ser filho do maior jogador da história da Ponte Preta e ser formado no clube, Gustavo Bueno tem motivos de sobra para deixar o temor de lado e encarar o debate da opinião pública.
Ser cúmplice do divórcio com a capitaneado pelos seus superiores só piora o estado de coisas. É hora de Gustavo Bueno assumir a responsabilidade, encarar a verdade e seus atributos na Ponte Preta. Antes que seja tarde. Se já não for.
(análise de Elias Aredes Junior)