Na hora da derrota, os dirigentes dos gigantes aparecem. Como explicar o sumiço dos dirigentes bugrinos após a derrota no dérbi?

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Ricardo Moisés é o presidente do Guarani. Comandante do Conselho de Administração. A frente de uma instituição centenária, o advogado deveria saber que a torcida tem prioridades. Uma delas é o dérbi. Vencer a Ponte Preta é questão de honra. Um cenário que ficou ainda mais latente e urgente após os últimos acontecimentos e a derrota de quarta-feira.

A contabilidade recente já não ajuda. Neste século 21, o oponente está á frente, com nove vitórias da Ponte Preta, 12 empates e sete triunfos do Guarani. Resultado: hoje, a vantagem bugrina no retrospecto geral é de apenas uma vitória: 67 a 66. Se a Alvinegra vencer os dois dérbis programados para a Série B, assumirá a dianteira. Sem contar o resultado desconhecido, é claro. E detalhe: a Ponte Preta já marcou 267 gols contra 265 do Guarani.

A indignação está no rosto do torcedor bugrino. Ele quer reação. Pede para que a diretoria, jogadores, comissão técnica vivam o dérbi. Não considerem um jogo qualquer. Que estabeleçam a Série B como um campeonato de 36 jogos e duas finais. O que faz a diretoria do Guarani? Opta pelo silêncio. Finge que é um jogo normal. Não é. Posso considerar exagerado a prioridade dada pelo torcedor. No entanto, não fujo da realidade.

Desde quarta-feira, de modo oficial, apenas o técnico Allan Aal e o lateral direito Pablo deram entrevistas coletivas. A instituição, por intermédio, se cala. Um erro estratégico colossal. E cuja responsabilidade é única e exclusiva dos integrantes do Conselho de Administração e também do departamento de futebol profissional.

Apostar que uma classificação vai apagar a dor das arquibancadas é um equívoco.

A história demonstra que, em instantes de turbulência e de crise, o dirigente não pode se omitir. Tem aparecer, dar satisfação, estabelecer marcos. Aprimorar estrutura é ótimo, classificar-se é salutar, construir saneamento financeiro é imperioso. Mas não é possível descuidar-se daquilo que é prioridade ao torcedor. Que, no final, é o dono do clube. Veja: Ricardo Moisés pode entrar para a história como o presidente que melhorou as finanças mas que perdeu a hegemonia no clássico. Qual recordação ficará para o torcedor? Pense.

Não falo de orelhada. Vamos comprovar com reportagens, que clubes gigantes, quando lidam com terremotos, a ultima atitude tomada pelo dirigente é a de se esconder.

Após o Galo Mineiro perder do Cruzeiro por 6 a 1 em Sete Lagoas, na ultima rodada do Brasileirão de 2011, o então presidente do Galo Mineiro, Alexandre Kalil não se eximiu da responsabilidade e deu declarações fortes a ESPN Brasil:

 

No dia 07 de agosto de 2015, o Internacional foi goleado pelo Grêmio por 5 a 0. Dias antes, a equipe colorada tinha demitido Diego Aguirre. O presidente Vittória Piffero não se furtou em dar declarações após a derrota e dar a sua versão dos fatos:

https://gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/inter/noticia/2015/08/como-perdemos-a-decisao-foi-errada-ironiza-vitorio-piffero-sobre-a-demissao-de-aguirre-4821027.html

No dia 22 de novembro de 2015, o Corinthians massacrou o São Paulo por 6 a 1. Recém chegado a presidência do São Paulo, o empresário Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco deu explicações a imprensa:

https://www.uol.com.br/esporte/futebol/ultimas-noticias/2015/11/23/leco-cita-indignacao-e-falta-de-comprometimento-por-6×1-mas-veta-demissoes.htm

Pergunto: o que justifica o silencio de Ricardo Moisés e do Conselho de Administração? Como entender o desaparecimento de Michel Alves dos microfones? O jogo já passou. Mas mesmo que seja com outro ângulo de visão, é preciso dar a sua visão dos fatos. Se o silêncio prevalecer não reclame depois da perda de credibilidade oriunda das arquibancadas.

(Elias Aredes Junior)