Qual o desejo da diretoria da Ponte Preta? Ser amada, admirada, temida ou respeitada?

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As  crises constroem os líderes diferenciados, daqueles que desejam entrar para a história ou personagens que não saem do senso comum. Com todos os erros e equívocos, o então presidente dos Estados Unidos George W.Bush esteve na linha de frente dos atentados de 11 de setembro de 2011. Ao seu modo, tentou mostrar firmeza e segurança no meio do caos.

No ano passado, Paris foi afetada por uma série de ataques e no minuto seguinte as autoridades francesas nunca fugiram da raia. Explicações, medidas tomadas  e análises estiveram na linha de frente. Faça este adendo de política internacional para questionar: onde está a diretoria da Ponte Preta?

Existe uma diferença de percepção dos personagens envolvidos em instantes agudos. Jogadores e treinadores nutrem um tipo de análise. Torcedores carregam o sentimento dentro de si e analisam o que surgiu no cenário. Os dirigentes, por sua vez, precisam falar não só para firmar posição como também para exibir perspectiva, um horizonte e um método de trabalho.

Vamos a prática. A Ponte Preta perdeu dois jogos, para Oeste e Santos. Com futebol ruim e rendimento baixo. Não é o caso de mudar treinador, mas é inequívoco imaginar porque o torcedor está aflito por vários motivos. Primeiro porque enxerga bem distante a possibilidade de disputar o título por causa da parca qualidade técnica do elenco. Depois, como está previsto o rebaixamento de seis equipes, cada derrota tem peso maior. Tira o foco da classificação e coloca a Série A-2 como algo palpável. Resultado: a torcida fica apreensiva, especialmente porque os líderes do processo não explicam o que levou a esse estado de coisas.

Na Ponte Preta, após os 180 minutos sem êxito, Vinícius Eutrópio foi o único a dar explicações. A diretoria concorda com ele? Acha mesmo que o time é embrionário? Acredita na classificação? Vislumbra potencial técnico? Quais os argumentos. São perguntas que, por mais que estejamos qualificados, nós, cronistas esportivos não podemos destrinchar de maneira plena. A diretoria é que precisa assumir tal missão. Falar, explicar e debater o revés e transmitir esperança de que algo pode mudar.

Ninguém é louco de ignorar a responsabilidade da atual diretoria pela campanha do ano passado. Contrataram e bem. Colheram boa campanha no Paulistão e no Brasileirão.

Só que chegou a hora de delimitar de que forma a diretoria quer ser vista pela torcida e pela história. O período de bonança faz com que dirigentes sejam amados. Contratações bombásticas e midiáticas fazem com que os dirigentes sejam admirados pela arquibancada. A introdução da disciplina no vestiário faz com que o cartola seja temido. Mas é na superação das crises e na formulação de novos conceitos durante a tormenta que faz com que os dirigentes sejam respeitados. Deixar de optar por um desses caminhos traz ódio e ressentimento. Que a diretoria da Ponte Preta entenda tais conceitos.