Um passeio pelas redes sociais e uma constatação: a torcida do Guarani tem pressa. Quer reviver o passado vitorioso

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Ao passear nas redes sociais nesta quinta-feira, deparei-me com uma frase de um torcedor do Guarani que chamou  atenção.  Dizia: “Amanhã é dia de ganhar ou ganhar. Chega de desculpa”. Uma declaração que mistura inconformismo, pressão pela vitória e o diagnóstico sobre o espirito do tempo reinante no torcedor da arquibancada, seja real ou virtual.

O torcedor do Guarani tem pressa. Muita pressa. Ansiedade produzida pela sua própria história. Vencedor e protagonista em boa parte dos anos 1970, 1980 e 1990, o Alviverde iniciou o século 21 em flerte com a irrelevância. Seguidos rebaixamentos produziram dor, decepção e deixaram um saldo nefasto em forma de dívidas trabalhistas e sucateamento da sua estrutura.

O ápice deste estado de degradação foi no período de 2013 a 2016, quando o primeiro ano foi inaugurado com um rebaixamento no Paulistão na lanterna e três temporadas subsequentes com Série A-2 e Série C no calendário. Parecia um beco sem saída.

A redenção começa em 2016 com o vice-campeonato na terceirona nacional e produz alívio maior após a conquista da Série A-2 de 2018, sob a batuta de Umberto Louzer.

A partir daí, o torcedor bugrino quer porque quer retomar o seu lugar na divisão de elite do futebol nacional. Não aceita o papel de coadjuvante nas edições de 2017 a 2020 da Série B. Fruto do estado deplorável em que deixaram o clube.

Detalhe: sentimento gerado infelizmente por uma parte da imprensa esportiva, que, ao invés de fazer jornalismo e instigar a reflexão prefere o entretenimento e a piada, o bordão e a informação vazia.

O quadro parece propicio a mudança na Série B em 2021. O Guarani produziu boa arrancada, goleou adversários, produziu bom futebol e ficou algumas rodadas no grupo de classificação.

A lesão de Julio César durante o empate com o Sampaio Côrrea inaugurou a fase sombria. Goleadas sofridas diante de Vasco e Vila Nova e o pânico toma conta das arquibancadas.

O jogo contra o Brasil de Pelotas é um recomeço. Mas uma relargada, na visão do torcedor bugrino, para o olimpo, dotado de quatro lugares. Jamais para um novo papel de coadjuvante.

Que Daniel Paulista fique alerta: um novo tropeço e boa parte da torcida vai ignorar qualquer explicar. Mesmo que seja dotada de coerência. Pressão incessante.

É certo? Errado? Não sei. Só sei que o torcedor do Guarani tem pressa. Quer reviver um passado glorioso que parecia perdido. Que os jogadores e comissão técnica tenham a exata noção do fardo.  (Elias Aredes Junior- com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)