O vice-presidente da CBF, Francisco Novelletto assumiu a frente de um debate: cobrar direitos de transmissão das emissoras de rádio. A reclamação começou quando o presidente do Corinthians, Andrez Sanches, questionou a presença de vários veículos de comunicação durante os jogos.
Em entrevista ao Zero Hora, o dirigente afirmou que “os clubes precisam de dinheiro. O dinheiro iria para a CBF, que repassaria para os clubes. É o tal negócio: quem tem competência fica. Lá em São Paulo, existem 50, 60 pessoas participando de uma entrevista, e a maioria não tem compromisso com o que diz. Se a TV paga, por que os demais veículos não podem pagar?”, questionou o dirigente.
O nobre dirigente tem razão em alguns pontos em querer cobrar, mas esquece de outros detalhes em que eles e outros são culpados. Ele diz que a maioria não tem compromisso com aquilo que diz. É verdade.
O jornalismo esportivo está infestado de aventureiros e pessoas que não querem praticar o verdadeiro jornalismo. Ou seja, critico, apartidário e independente. Aqui mesmo em Campinas, infelizmente temos profissionais que ignoram os preceitos da profissão e querem apenas e tão somente buscar o entretenimento fácil.
As emissoras pequenas e médias espalhadas pelo Brasil são responsáveis pela revelação de profissionais de alto padrão. Ao cobrar, as emissoras deixariam de acompanhar os jogos e tudo iria por água abaixo. Pense o que aconteceria em Campinas. Deixa a desejar? Concordo. Mas o que precisa é melhorar e jamais ou nunca exterminar.
A proposta esconde algo mais profundo: controle da informação. Sim, censura velada. O raciocínio é simples: os dirigentes vão cobrar um preço absurdo e torceriam o nariz para quem ousasse fazer jornalismo critico apesar do pagamento regularizado. Quem saísse da linha certamente teria o contrato em risco. Ficariam satisfeitos porque tudo ficaria focado no entretenimento e os dirigentes não seriam mais cobrados. Afinal, como denunciar atos de corrupção de gente que é dona do espetáculo?
A Rede Globo, por exemplo, é a melhor parceira do planeta para dirigentes de clubes e federações. Faz pouco jornalismo investigativo e os seus comentaristas tem claramente uma orientação editorial focada muito mais no jogo da bola do que nos bastidores políticos. Ou alguém lembra de alguma cobertura crítica da emissora com Ricardo Teixeira? Os dirigentes certamente pensam: por que não esticar tal padrão para todas as emissoras com uma barreira econômica?
Esqueçam Europa e Estados Unidos. Estes são países desenvolvidos e que os donos do espetáculo sabem separar o entretenimento do jornalismo. Aqui,
somos feudais. Atrasados. Autoritários. Não sabemos viver em democracia. No fundo, no fundo, a intenção de cobrar por direitos de rádios tem tal conotação. Dinheiro como instrumento de controle da informação. Este é o Brasil. (Elias Aredes Junior)