Análise para uma pergunta incômoda: Tiãozinho terminará o mandato como presidente da Ponte Preta?

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Que ninguém se iluda: a política tradicional é refletida no futebol. Conjuntura ocorridas nos gabinetes de prefeituras, governos estaduais e no poder federal são replicadas nas agremiações. O esporte bretão é um reflexo da sociedade. Uma pergunta dura é necessária.  Incômoda. E que certamente somente os conhecedores dos bastidores do poder podem responder: Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho, completará o mandato como presidente da Ponte Preta?

O questionamento não é descabido. Aqui e ali vemos especulações, fatos e conjunturas que nos levam a tal conclusão. O alicerce da crise está no gramado. Independente do que ocorrer até a rodada final da Série B, só o acesso vai tirar o carimbo de fracasso da testa de Tiãozinho. E não podemos esquecer: foi idêntico rendimento pífio que inviabilizou a permanência de José Armando Abdalla Junior no posto máximo. Isso não é ilação. É fato.

Governabilidade na Ponte Preta tem nome e sobrenome: Sérgio Carnielli. Por deter maioria no Conselho Deliberativo, sua influência é gigantesca. Determina rumos e indica. Desde a sua saída do poder forçada pela Justiça em 2011, nenhum presidente sentou na cadeira sem seu apoio. E nenhum cartola permaneceu após ficar sem seu respaldo.

As fotos conjuntas sumiram. Declarações claras e cristalinas para apoiar Tiãozinho nunca apareceram por parte de Carnielli. Este jornalista apurou com fontes dentro do Majestoso que Marcelo Oliveira só foi contratado após receber a aprovação de Carnielli. E agora? O processo foi adotado com Fábio Moreno? Não se sabe. Não foram apenas os aportes financeiros que sumiram. O apoio político idem.

Outro fato não pode ser ignorado: a licença requisitada pelo vice-presidente do Conselho Deliberativo, Pedro Maciel Neto. Que nunca escondeu sua admiração pelos fatos positivos construídos por Sérgio Carnielli e escreve sobre isso nas redes sociais.

Com sua saída de cena por problema de saúde, a mesa do Conselho Deliberativo não tem o apoio efusivo do presidente de honra afastado pela Justiça.  Tagino Alves dos Santos é apoiado por Tiãozinho. Isso sim. Agora, tem o apoio de Carnielli? Não se sabe.

Estes fatos enumerados provam que, no mínimo, existe um distanciamento da diretoria executiva com aquele que dá as cartas no Moisés Lucarelli há 24 anos. E uma foto, uma declaração que aparecer nos dias subsequentes após a publicação desta análise será apenas uma cortina fumaça para disfarçar uma crise política profunda que acomete o Majestoso.

Algo deve ser dito: apesar de abandonado ao relento, Tiãozinho mostra-se fiel e coerente a Carnielli. Coerência já registrada quando ocorreu a votação do balanço financeiro referente ao ano de 2018. Na ocasião, Tiãozinho foi o único que votou pela reprovação do documento, um claro alinhamento ao ideário de Carnielli. Pena que nesta hora de sufoco Tiãozinho verifique da maneira mais dura que a recíproca não é verdadeira. E esta pode ser a cilada para sua inviabilidade política. Que ele continue até o final do mandato e a democracia prevaleça. O histórico da Ponte Preta, porém, nos leva a conclusão que tal desejo é pesadelo de uma noite de verão.

(Elias Aredes Junior)