Crises subsequentes na Ponte Preta e o constante desprezo de uma parte da torcida ao trabalho dos jornalistas preparados, formados e diplomados. Isso precisa mudar!

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Certamente você não está acostumado a realização de autocritica por parte dos veículos de comunicação. Parece que não somos culpados de nada ou não transformamos a realidade que está ao nosso redor. Tais avaliações aparecem na minha mente quando os clubes de Campinas passam a conviver com a crise. Desde sempre.

Não fico satisfeito. Cobro uma análise melhor, um enfoque eficiente e uma abordagem para que o torcedor entenda. De todas as idades e classes sociais.

Somos falhos? Com certeza.

Mas quero trilhar um outro caminho. Considero que infelizmente muitas vezes os alertas dados por diversos colegas de profissão e por este colunista não foram ouvidos.

Motivo: a desvalorização e o rebaixamento da função de jornalista. Uma parte da torcida quer entretenimento e não jornalismo qualificado.

A verdade é que a nova fase com a proliferação de blogs, podcasts e outras vias de comunicação fizessem com que o Jornalista, aquele formado, com diploma, preparado e com capacidade intelectual para exercer a sua profissão recebesse o desprezo de uma parte da  sociedade como prêmio. O mesmo fenômeno é verificado em parte da torcida da Ponte Preta. Infelizmente.

Não, não são apenas as nossas falhas – que são muitas- que explicam o quadro.

A raiz está no dia 17 de junho de 2009, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu por 8 a 1 que deveria cair a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício. Ou seja, foi instituído o “Liberou Geral para a profissão”.

Guardadas as devidas proporções seria o mesmo que permitir oficialmente que um curandeiro fosse autorizado a ser médico e a realizar cirurgias. Sem anestesia. Ou que um pedreiro pudesse exercer as tarefas de um arquiteto ou engenheiro. Ou que um leigo pudesse exercer a advocacia sem licença da OAB. Ou seja, um país que clama por melhoria da educação joga o conhecimento na vala. E se bobear puxa a descarga. Ou seja, jornalistas passam a ser dispensáveis.

Adendo importante: profissionais para realizarem opiniões e análises são bem vindos. Em todas as áreas. Inclusive. Prova disso é que o Domingo Bola veiculado na Página do Só Derbi é antes de tudo, um programa de debates com pessoas com as diversas formações acadêmicas. Ou da vida. Alias, o programa do dia 06 de março foi uma compromisso que é possivel discutir em alto e com qualidade. Desde que as pessoas sejam inteligentes.

Mas notícia e análise jornalística é algo muito sério. Serissimo. E para executar tais tarefas é preciso dispor de técnica, estudo, preparo, capacidade mínima e espirito critico aguçado. E o preparo não pode ser feito de supetão.

Querem exemplos? O trabalho de Heitor Esmeriz no Globo Esporte.Com. Ou de Gustavo Biano na EPTV. Ou de Julio Nascimento no Grupo Bandeirantes e no portal Carlos Batista. Ou de Antonio Luppi, agora na Rede Familia. São profissionais determinados a aplicarem as técnicas jornalísticas para informarem ao publico. E eles fazem isso com esmero e talento por um motivo: são jornalistas formados.

Infelizmente, não é um quadro preponderante. Nos últimos anos, a cada vitória ou derrota, o torcedor pontepretano é invadido por fake News e por ideias que passam longe da qualificação jornalística. Conceitos que desvirtuam o debate da opinião pública.

Não, não quero que ninguém deixa de falar ou analisar. Mas que se passe a valorizar (para valer) o trabalho de quem um dia sonhou informar, analisar e refletir em determina área. E isso vale para a Ponte Preta.

E pagou o preço por isso: estudou, passou no vestibular, frequentou a faculdade por quatro anos, fez o Trabalho de Conclusão de Curso e foi aprovado. O diploma não é decorativo. É a finalização de um processo de esmero, dedicação e estudo.

Quando você, ao consumir notícias da Ponte Preta, não olha para detalhes tão elementares colabora para que as fake News espalhem ainda mais crise e controvérsia em um ambiente que já está tóxico. Nunca esqueça de duas frases. A primeira é de Millor Fernandes: “Imprensa é oposição. O que passar disso é armazém de secos e molhados”. E a segunda diz o seguinte: “A imprensa existe para satisfazer os aflitos e afligir os satisfeitos”. Sem preparo, nenhuma dessas missões será cumprida. Inclusive na cobertura de um clube popular como a Ponte Preta.

(Elias Aredes Junior- foto de Pontepress)