Especial: é ótimo recordar a conquista de 2002. Mas é péssimo verificar o quanto o penta nos iludiu

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Não há como deixar de ficar comovido ao recordar a conquista do pentacampeonato. Os dois gols de Ronaldo, as atuações soberbas durante a competição de Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho ou a liderança de Roberto Carlos são fatos que ficaram marcados.

Época boa também para o futebol campineiro, quando ambos estavam na principal divisão do Campeonato Paulista e Brasileiro. Mas revisitar o passado pode servir para dolorosas constatações.

Evidente que o título foi merecido. Para o padrão técnico da época o time tinha uma constelação de craques. Todos decisivos. Podemos dizer que o observador atento de futebol poderia verificar naquele time sinais que se refletiram 12 anos mais tarde no Mineirão.

Luis Felipe Scolari teve um mérito inegável. Motivou os 23 jogadores, promoveu rodizio, soube domar os egos de Rivaldo, Ronaldo Nazário e pulverizou as lideranças, o que no fim produziu um clima harmonioso, a chamada “Familia Scolari”. Agora, taticamente a equipe tinha diversas brechas. Ouso dizer que era um time mal treinado.

Quem assistiu ao jogo percebeu os diversos rebotes proporcionados pela defesa brasileira, o espaço dado aos alemães, a sobrecarga sobre Gilberto Silva e Kleberson e a luta desdobrada do trio de zagueiros formado por Lúcio, Edmilson e Roque Junior para superar a fragilidade defensiva quando ocorria a perda da posse de bola.

O que há de errado de nisso? Simples: o titulo transformou o negativo em positivo. Se em 1994, o Brasil ficou reconhecido como uma equipe muito bem montada e posicionada, em 2002 isso desapareceu. E o futebol brasileiro nos anos subsequentes adotou tal padrão como mantra.

Excetuando-se o Cruzeiro de 2003 e os times montados por Tite em 2011, 2012 e 2015 no Corinthians, de resto sempre verificou-se a mesma receita: retranca desmedida e reza para que o fator individual resolvesse. A goleada de 7 a 1, sob o ponto de vista tático (tático!) só demonstrou que a fragilidade já existia há muito tempo.

Hoje podemos dizer que temos um padrão tático mediano (claro, retire os técnicos estrangeiros da conta) e os jogadores não tem mais a qualidade técnica de outrora. Impossível não sentir saudade.

(Elias Aredes Junior)