Especial: Medina, herói de 2012, recorda o dia em que entrou para a história bugrina

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O representante de Campinas na final do Campeonato Paulista de 2012 vestiu verde e branco. Ao contrário do que se poderia imaginar, a classificação não passou pelos pés de Fumagalli. Substituído ainda aos 28 minutos do primeiro tempo, lesionado, o então camisa 10 deu lugar a Medina, quando o placar estava empatado sem gols. Acontecia, a partir daquele momento, um momento marcante na história do torcedor bugrino.

Na noite de 29 de abril, o então reserva, desacreditado e com pouca experiência, era acionado pelo técnico Oswaldo Alvarez em momento de dificuldade e tornou-se, minutos depois, o herói improvável do clássico: vitória por 3 a 1, no Brinco de Ouro da Princesa, e passaporte carimbado para medir forças com o Santos, na época com Neymar e Paulo Henrique Ganso, na decisão.

O meio-campista passou pelo Guarani em 2012 e em 2014, com 48 participações e cinco gols. Apelidado como “herói do dérbi do século”, o jogador defende o Náutico e soma passagens por Avaí, ASA/AL, Ituano, Chapecoense, Mirassol, União Barbarense e Potros UAEM (MEX).

Em entrevista exclusiva ao Só Dérbi, Medina fez questão de resgatar momentos históricos daquela partida. Confira!

Quando chegou ao Guarani, você não era titular. Como foi para ser eternizado no clássico ao marcar dois gols em uma semifinal de Paulistão?

“Tinha participado de alguns jogos do campeonato. Sinto-me privilegiado. Deus me escolheu naquele dia para deixar o nome gravado na história dos clássicos. Fico feliz de ser lembrado até hoje pelos torcedores bugrinos. Eles enviam mensagens me agradecendo por aqueles gols”.

Como era o clima no clube nos dias anteriores ao clássico?

“Era de muita expectativa. Claro que houve a cobrança da torcida e dos diretores. Nós, jogadores, procuramos estar tranquilos. Era um jogo dentro de casa e sabíamos da responsabilidade para vencer. A atmosfera de um dérbi, em uma cidade como Campinas, é totalmente diferente. É algo que só quem joga vai entender”.

O que você acha que foi preponderante para conseguir virar um jogo que parecia perdido, especialmente com a saída de Fumagalli?

“O mais importante para conquistarmos a virada foi a união do grupo. Não desistimos do jogo em nenhum momento. Sabia que tínhamos uma equipe muito boa. Estávamos jogando melhor do que a Ponte Preta. Tivemos mais chances do que eles. Um ajudando o outro, batalhamos e Deus nos presenteou com o empate e, na sequência, com os dois outros gols da vitória”.

Quando você entrou em campo, quais orientações o técnico Oswaldo Alvarez lhe forneceu?

“Ele pediu para eu fazer o meu jogo e o colocar em prática o que treinava. Estava bem nas atividades e, por isso, ganhei oportunidade. Procurei ficar tranquilo e fazer o meu melhor. Fui abençoado com esses dois gols importantes”.

Até que ponto os dois gols no dérbi mudaram a sua carreira?

“Com certeza mudaram a minha carreira. Não é fácil você se tornar ídolo de um clube, ainda mais no Guarani, time grande. É muito difícil. Os gols transformaram a minha vida. Hoje, moro em Campinas e, quando estou caminhando nas ruas, as pessoas me param, pedem foto e me agradecem. É uma torcida grande e exigente. Sou privilegiado por fazer parte da história deste clube”.

Qual o seu sentimento em relação ao Guarani após aquela atuação e passagem no clube?

“Sentimento de gratidão ao Guarani. Um clube que me tornei torcedor. Sempre que posso acompanho os jogos, estou na torcida. Espero que o time, neste Campeonato Brasileiro da Série B, possa subir à primeira divisão”.

Você agora está no Náutico e já atuou em outros centros. Queria que você analisasse o grau de rivalidade do dérbi com outros clássicos importantes que você disputou!

“O dérbi de Campinas foi um dos clássicos mais importantes que eu joguei. A rivalidade e a cobrança são diferentes. Os torcedores cobram os jogadores. A atmosfera no estádio muda bastante, a semana fica mais tensa e exige mais atenção. Durante o jogo, a torcida faz festa, mas são exigentes. Eu aprendi que clássico não se joga, clássico se vence. O Guarani me ensinou muito isso. Perder para o outro time, o nosso rival, não pode. Por isso, o duelo de Campinas é totalmente único”.

Qual era principal virtude daquele Guarani de 2012?

“Acredito que a virtude da nossa equipe, naquele ano, foi a união do grupo. Todos se ajudavam, sem levar em consideração quem estava atuando. Se era reserva ou titular. Dentro do vestiário, a gente se tornou uma família, era um ambiente bom. Isso foi o mais importante. Tínhamos muitos jogadores de qualidade, como Fumagalli e Fabinho. Eram líderes, além do Vadão, nosso treinador, que soube comandar bem o grupo. Começamos como um time desacreditado, mas chegamos à final. O mais importante, porém, foi vencer aquele dérbi, um dos jogos mais difíceis da competição. Não poderíamos perder. Até então, aquela partida foi considerada como um título”.

(texto e reportagem: Lucas Rossafa)