Guarani e o momento que pede ponderação e reação. Para já!

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O Brasil virou um país de loucos. O hospício são as redes sociais. A cada 90 minutos, torcedores de equipes de todo o Brasil buscam culpados para os desastres. No último domingo foi a vez do Guarani. Uma falha do zagueiro Alan Santos, o vacilo do goleiro Pegorari e Erik Faria aproveita para estufar a rede. Gol do Juventude. Derrota no Brinco de Ouro. Dolorido. Amargo. Umberto Louzer foi colocado na berlinda. Para valer.

A escalação não agradou. Caíque Silva começou na lateral esquerda e Lucas Silva foi escalado para o lugar de Bruninho, lesionado. Decepcionou. Depois, as alterações não surtiram efeito. Eliel não mostrou o rendimento de sempre, Lucas Araújo exibiu a limitação no meio-campo como todos esperavam, Régis sem a inspiração que produz temor e Robinho e Pablo Thomaz demonstraram que precisam produzir mais e melhor.

Diante deste quadro, precisamos dividir a análise em duas partes. A questão inicial refere-se a pontuação. São 37 pontos e a quatro pontos do grupo de classificação, pois o Criciúma soma 41 pontos. O Alviverde vai disputar mais 15 rodadas. Se levarmos em conta que nos últimos anos quem somou 64 pontos comemorou o acesso basta dizer que 45 pontos serão disputados e o Guarani precisa ganhar 27. Traduzindo: daqui até o final, a meta é conseguir um aproveitamento de 60%. Hoje, o time campineiro ganhou 56% dos pontos que disputou.

Convenhamos: não é uma missão impossível. Longe disso. Não é o caso de jogar a toalha.

O problema encontra-se naquilo que foi colhido em curto prazo. Direto e reto: o Guarani joga mal. Produz pouco. Não foi apenas contra o Juventude. Venceu o Avaí e passou por perrengues nos minutos finais. O time empatou com Ceará e Ituano e os pontos foram comemorados. Por que? Faltou inspiração para somar três pontos nas duas ocasiões. Ou seja, a oscilação está presente na campanha. O Guarani é o 11º colocado com cinco pontos. Dois pontos atrás do Botafogo (SP), que abre a zona de rebaixamento do segundo turno.

Ou seja, o quadro piorou. Só que reclamar, apontar o dedo, escolher vilões não vai fazer o time jogar de maneira sublime do dia para a noite. Ah, e nem mudanças bruscas na estrutura do futebol profissional. O caminho adequado é apurar os defeitos e tentar corrigi-lo.

Conceito primário: a Série B é uma competição pautada na força física e na marcação. Os espaços são exíguos. Neste contexto, o centroavante Derek faz uma falta tremenda. Por que? Pela sua estatura, força física e capacidade de incomodar os zagueiros oponentes. Não é brilhante tecnicamente? Concordo. Só que não é o caso de ser craque e sim de adaptar-se à competição. Bruno Mendes? Não desaprendeu a jogar. Está clara sua melhor adaptação quando entra no segundo tempo e consequentemente explora o desgaste físico dos jogadores adversários.

Tais circunstâncias não podem apagar a necessidade de avaliar algumas decisões do técnico Umberto Louzer. O erro de Alan Santos no gol de Juventude deveria gerar reflexões na comissão técnica. Sabemos que Alan Santos tem a titularidade principalmente pela qualidade do seu passe. Que deveria chegar redonda de modo vertical ao campo de ataque. Não é isso que acontece. Longe disso. Não seria melhor a escalação de um zagueiro mais vigoroso, sem enfeite? É para pensar. Quanto a Régis não se pode desistir do jogador. Apostar na recuperação do atleta.

É hora de reflexão. E de ação. Não é hora de jogar a toalha. Só que não é o momento de paralisia. Entender o que é realmente prioridade. Na semana passada, a diretoria desfilou um rosário de realizações no clube. Feitos administrativos ostentados pelo Conselho de Administração foram vendidos como se o Guarani vivesse um novo patamar. Não está. O que acontece no gramado é apenas o reflexo do que acontece dentro do campo. Se os atletas parecem ter dificuldade de complementar o que se treina e pensa na semana é porque a infra estrutura não dá o respaldo suficiente.

É como o dono de uma casa que faz uma reforma profunda, deixa tudo bonito mas esquece do principal: dar comida para a sua família. É isso. A família bugrina está com fome. Fome de acesso. Que sejam saciados após a 38ª rodada.

(Elias Aredes Junior com foto de Thomaz Marostegan-Guaranipress)