Guarani e uma verdade: não dá para lamentar eternamente. Parar seria pecado mortal!

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Por dever de oficio e profissional, sempre fico de olhos nas redes sociais dos dois times de Campinas. É um belo experimento social verificar o que pensa o cidadão comum em relação ao que fazem atletas que são treinados para um esporte de alto rendimento e como o fracasso é assimilado especialmente nos jogos importantes.

Estamos na terça-feira, três dias depois do derbi 204 e a torcida do Guarani ainda não esgotou o coquetel de análise.

Encontrou os seus mocinhos e seus vilões.

Vi muita gente furiosa com Richard Rios e inconformada com o rendimento de Rodrigo Andrade, especialmente no gol de Fessin.

Mozart também não escapou.

Foi cobrado e criticado de maneira veemente. Nem Rodrigo Pastana escapou da chiadeira, além é claro, do presidente Ricardo Moisés.

Mas ao observar os comentários, aqui e ali, eu verifiquei algo precioso: os torcedores bugrinos vivem o seu clube as 24 horas do dia.

Querem ser abastecidos de análises minuto por minuto. E pedem e clamam para que os jornalistas cobrem de modo veemente as justificativas sobre as medidas tomadas pelo Conselho de Administração e que tem o aval do Conselho Deliberativo.

Ao ler e reler cada comentário percebi que inconscientemente existe uma reclamação visceral sobre os atuais mandatários do Guarani: eles não vivem o clube as 24 horas do dia.

Transmitem a sensação de que não sofrem com as vitórias e estão pouco se importante com a zona do rebaixamento e a perspectiva de disputar a Série C. Vivem as suas vidas como se fossem algo normal.

Para que ninguém reclame com comparações com rivais ou equipes gigantes, eu vou usar como exemplo o próprio Guarani. Mesmo com rusgas costumeiras com a imprensa, Leonel Martins de Oliveira não tinha pudor em esticar a jornada de trabalho se o interesse do Guarani estivesse em jogo.

Luiz Roberto Zini tinha procedimento idêntico. Lembro que no inicio da minha trajetória de repórter, em meados da década de 1990 no extinto jornal Diário do Povo não foram poucas as vezes em que eu ou meu amigo Paulo Ferrari, hoje em Ribeirão Preto e que na época era setorista do Guarani para o jornal, precisava ficar até mais tarde em virtude de uma reunião ou decisão importante adotada por Beto Zini.

Já como repórter do Tododia, entre os anos de 2008 e 2015 também presenciei dirigentes e funcionários extrapolarem a jornada de trabalho em busca de alguma medida que fabricasse uma nova conjuntura ao Guarani.

E hoje? Podemos até nos encontrarmos enganados, mas a impressão que é transmitida é que dirigentes estatutários adotam uma produtividade mediana, sem focar em uma excelência que altere o cenário. E se isso acontece por que a opinião pública não tem conhecimento? Porque a atual diretoria não se comunica, não fala nada, não estabelece um canal de comunicação com o torcedor?

O Guarani pode até cair para a terceira divisão e gerar uma tristeza imensa no seu torcedor. Mas o que ele deseja é que pelo menos que quem veste terno e gravata mostre empatia por quem senta na arquibancada.

Que o Guarani pelo menos até a primeira semana de novembro seja a tarefa mais importante para esses dirigentes. Nada de confraternização, encontros furtivos, festas com parentes. Nada, nada, nada. Por que acredite: tem muito torcedor que renunciou a diversos compromissos sociais e pessoais para acompanhar o clube por todos os cantos.

Repito: as vezes tudo isso que foi cobrado neste texto acontece internamente no dia a dia. Então que ocorra uma mudança de postura e faça com que isso chegue ao torcedor. Esse aparente divórcio de comportamentos é que está matando as pretensões do Guarani na Série B.

(Elias Aredes Junior-Foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)