Guarani na Série B e como trocar a alegria pela angústia

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Não há ser humano sem prioridades e preocupações. Logo ao levantar somos tocados pelos problemas e dramas que afligem o nosso cotidiano. São as contas para serem quitadas, a educação dos filhos, o foco nos dramas familiares, os desafios profissionais ou acadêmicos ou até a nossa capacidade de estender a mão para aqueles que não conseguem resolver os seus próprios problema, seja por limitações físicas ou econômicas, seja por falta de condições emocionais.

Você certamente sabe que uma hora um refresco é necessário. O lazer, o entretenimento fazem parte de nossa vida. Não somos ilhas isoladas. E nem habitantes do planeta Terra em formato estático e sem vida. Sem lazer ou atividades para refrescar a alma não há como avançar.

Convido o torcedor bugrino a uma reflexão.

Pense como é gostoso frequentar o estádio Brinco de Ouro da Princesa. Imagine o prazer de a cada rodada estacionar o seu carro ou descer no ponto mais próximo para encontrar os amigos, beber uma cerveja, petiscar um salgado ou comida rápida e ver que vale a pena definir o Guarani como extensão da sua vida.

Ali você encontra irmãos de alma, troca confidências, reparte com eles as perspectivas de futuro e tira o peso da sua mente das milhares de preocupações geradas no dia a dia.

E quando a vitória aparece no placar eletrônico?

Melhor ainda.

Você recorda tudo isso que foi descrito acima e viu o triunfo do time do coração. E a história ainda proporciona por vezes o final de semana perfeito, quando o triunfo no gramado vem acompanhado de um plus por vezes inesperado: a conquista do Brasileiro de 1978, a Taça de Prata de 1981 ou a Série A-2 de 2018. Não há nada melhor do que construir recordações que ficam para sempre em nós.

Este conto de fadas poderia ser eterno. Mas não é. A alegria, o jubilo, o êxtase foram trocados pela angustia.

O ato de torcer pelo Guarani virou um drama trágico, com atores canastrões. Presença na zona de rebaixamento, falta de qualidade no elenco e derrota no derbi 204. O lazer virou angustia. Pior: a impressão é que cada torcedor virou uma illha sem nexo ou uma transição segura para a terra firme.

A angustia vira algo patologico porque você torcedor não tem como interferir como deveria. Especialmente porque tudo isso foi gerado longe do seu alcance. Dirigientes fracos, jogadores limitados e erros de planejamento foram adotados sem você ser consultado.

Resta a fé de sentar na arquibancada e produzir o sobrenatural com as próprias mãos. De empurrar o time nos 13 jogos restantes e acreditar que este roteiro pode ser alterado para a construção de um final mais digno.

O torcedor do Guarani não quer guerra com ninguém. Ele só quer levantar pela manhã, olhar no horizonte e restabelecer a confiança de que aquela camisa verde e branca não irá desistir de transformar o dificil em algo possivel. O bugrino é, antes de tudo, um forte.

 Elias Aredes Junior com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C