O torcedor pontepretano só quer ter esperança. Ninguém quer olhar no retrovisor. É preciso olhar para frente

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É uma história que poderia ocorrer em qualquer casa. Em determinado dia, uma parente próxima chamou atenção de seu filho de que o quarto dele não estava arrumado e lhe inquiriu sobre quem tinha aprontado toda aquela bagunça. Sua resposta foi de que a culpada era a da“Dilma”. Lógico, o garoto tomou um puxão de orelha e a justificativa não adiantou nada.

O que a criança queria? Terceirizar uma culpa. Ou culpar alguém que não tinha feito nada para justificar que ele não conseguiu fazer nada melhor. Pelas informações que temos à disposição este é o quadro na Ponte Preta.

Vamos raciocinar. Ninguém aqui é louco de imaginar que os últimos 15 anos não foram feitos de medidas equivocadas, tomadas de decisão erradas e escolhas que atrasaram o desenvolvimento do clube. Cito dois fatos para exemplificar: o dinheiro mal investido durante o Campeonato Brasileiro de 2017 e os rebaixamentos na série A nos anos 2006, 2013 e 2017. Estes resultados amargos são frutos diretos de decisões administrativas erradas e sem nexo. E que de certa forma geraram a dívida gigantesca de R$ 270 milhões. Estamos de acordo? Sim.

A divida não pode servir de justificativa para um rendimento pífio no gramado. Não pode servir como escada para uma paralisia de qualidade no Departamento de Futebol Profissional. Não pode ser um argumento para abrir mão de um executivo de futebol e de outras normas corporativas que estão presentes em todos os clubes. Sim, futebol é negócio. Queiramos ou não.

Vou além. Não há como utilizar as medidas equivocadas do passado como justificativa para ausência de avanço por causa do pacto realizado no periodo eleitoral entre a atual diretoria e os eleitores que compareceram ás urnas.

Devemos recordar: 387 pessoas saíram de casa, foram as urnas como representantes de uma torcida de, no mínimo, 500 mil torcedores. Depositaram o seu voto não para ocorrer apenas uma troca de poder. Votaram pela esperança. Votaram pela democracia. Votaram pelo diálogo. Votaram para que, mesmo com dificuldades, existisse uma perspectiva de mudança em médio e longo prazo. Mesmo com dificuldades. Veja: em 2003, a Macaca passou por sufoco. Quase caiu na Série. Mas existia esperança. Um olhar para dias melhores. Hoje, nada disso. Só existe sofrimento.

O torcedor pontepretano não quer reviver o passado. Nem quer utilizá-lo como muleta. Ele quer nova vida. Horizonte para sorrir. Mesmo que exista angústia esporádica.

Na atualidade, é só angústia. E querem que o torcedor olhe no retrovisor. Não dá. É precise olhar para frente. E lutar por dias melhores.

(Elias Aredes Junior com foto de Pontepress)