Ponte Preta, o garoto Eliel e a busca por um craque “orgânico” para a torcida

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Momento decisivo e importante do Campeonato Paulista Sub-20. Eliel mete uma bicicleta, faz o gol e assegura a vitória contra o São Paulo, em jogo realizado no Centro de Treinamento de Cotia. 

O lance gerou uma comoção poucas vezes vistas nas redes sociais pontepretanas. Celebrações no Facebook, Twitter, Instagram. Eliel virou um pop star. Já tinha sido designado como um diamante ao fazer o gol da vitória da equipe profissional contra o Náutico. Dia após dia, hora depois de hora, aumenta a pressão para que o garoto tenha uma chance efetiva entre os profissionais.

Não quero discutir e debater o futebol de Eliel. Isso está a vista de todos. Tem um potencial gigantesco. O que deve ser perguntado é porque um garoto, sem continuidade entre os titulares e que só tem a fama formada nas categorias de base, já é praticamente guindado a condição de ídolo da Macaca.

Parece algo fora do prumo ao se compararmos com aquilo que aconteceu com outros jogadores revelados pela Alvinegra. Lógico que muitos atletas surgidos no Majestoso sempre geravam uma expectativa, um ânsia da primeira oportunidade. Com Eliel é diferente. É algo que flerta com a idolatria. Por que? Como? Qual a justificativa?

Quem conhece a história da Ponte Preta sabe que tal atitude desmedida da torcida e dos influenciadores não é por acaso. Eliel vem com um selo capaz de galvanizar emoções e ressuscitar até torcedoras históricas como Conceição e Donana. Eliel é o craque orgânico, uma marca do clube.

Nas décadas de 1960, 1970 e 1980, o procedimento normal era de que o jogadores queridos da torcida fossem criado nas categorias de base. Dicá era um craque refinado e forjado nos campos do Santa Odila e do Majestoso. Oscar, Carlos, Nenê Santana, André Cruz…a lista é quase infinita.

Queiramos ou não, durante muito tempo, a Ponte Preta forjava seus valores, mas eles não eram mais protagonistas. Os protagonistas eram importados e era em cima deles que a Macaca ganhava jogos e conquistava degraus na geografia da bola.

Podemos dizer sem medo de errar que Adrianinho e Luis Fabiano foram heróis da resistência deste período. No restante, faça uma retrospectiva e verá que a maioria dos craques pontepretanos contratados nos últimos 25 anos eram de outras praças. Quando você pensava em gol, a memória vinha imediatamente para Washington; se o tema era dinâmica no meio-campo, Mineiro e Elias são as lembranças mais recorrentes.

E para muitos torcedores, são inesquecíveis as idas e vindas de Renato Cajá, que apesar de ter encarnado o espirito pontepretano, era um jogador formado e revelado pelo Mogi Mirim e depois com rendimento destacado na Ferroviária.

Todos esses personagens estão na história da Macaca. Agradam aos torcedores. Mas o tipico torcedor da Ponte Preta gosta de bater no peito e dizer em alto e bom som que o jogador foi revelado em suas fileiras. É prata da casa. É diamante bruto lapidado nos corredores do Majestoso. 

Com seus gols, Elilel retoma esse sentimento de pertencimento do torcedor pontepretano. Que este cenário seja bem administrado pela atual direção do clube. Tudo para potencializar um jogador de excelência e assim evitar que a ansiedade das arquibancadas estrague um plano perfeito para o jogador. 

(Elias Aredes Junior com foto de Diego Almeida-Pontepress)