Uma arena única para Ponte Preta e Guarani: por que a ideia (válida!) não prospera?

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Em trabalho de reportagem pela Rádio Brasil Campinas, estive presente na Sessão da Câmara Municipal. Em conversa com o vereador Perminio Monteiro, ele deu detalhes sobre a proposta de Arena Única para Ponte Preta e Guarani. Confira:

O áudio do vereador Perminio Monteiro, integrante da base do governo Dário Saadi, é claro e cristalino: a Prefeitura Municipal de Campinas tem interesse na construção de um estádio municipal com um Centro de Convenções para ser utilizado por Ponte Preta e Guarani. 

O parlamentar descreveu ainda a realização de uma reunião no início do ano para a apresentação do projeto para as diretorias. O prefeito campineiro estaria disposto a encampar a construção de uma parceria público privada em relação ao empreendimento. As informações dão conta de que o poder público teria condições de alavancar o empreendimento, que poderia gerar empregos e divisas. 

O novo estádio municipal seria a largada para que dois projetos fossem abandonados na beira do caminho. O primeiro do Guarani e capitaneado pelo empresário Roberto Graziano, foi o argumento primordial para que o estádio Brinco de Ouro fosse entregue sem grande resistência.

Por outro lado, a Alvinegra abandonaria em definitivo o cronograma de uma nova arena no Jardim Eulina ou de reforma no Moisés Lucarelli. Interessados? Especulações dão conta de que a  WTorre, com desejo de viabilizar novos espaços para Vasco e Santos dentro de novos parâmetros para reformas, seria uma das interessadas.

Por enquanto, as negociações para um estádio único não evoluíram em virtude da rivalidade das duas equipes que não arredam pé de continuarem com seus espaços. A Ponte Preta, diga-se de passagem, tem dirigentes em seu ambiente interno que acreditam na seguinte teoria: a atual localização dos dois estádios e sua proximidade permite que um determinado número de pessoas passe por lá todos os dias para observar o movimento.

É algo que mantém vivo o espírito comunitário e que seria exterminado no minuto seguinte caso os estádios fossem transferidos. Ou sobrasse uma única arena, como as que funcionam em Milão ou Munique.

Independente disso, será que não seria o caso de pensar na viabilidade da ideia da Arena única? Primeiro porque na prática cada clube ganharia um ou dois parceiros para repartir os custos de manutenção. 

Sem contar que é preciso encarar uma dura realidade: há muito tempo os clubes campineiros não contam com médias de públicos capazes de bancar os custos. Tanto o estádio Moisés Lucarelli como o Brinco de Ouro podem abrigar públicos de, no máximo, 18 mil pessoas em partidas de torcida única, algo só alcançado em dérbis.

No ano passado, o Guarani teve média de público de 5451 por partida, enquanto que a Ponte Preta registrou média de 4143. Ou seja, as duas equipes não conseguem uma média de 50% na taxa de ocupação. Pergunto: como acreditar que os dois estádios podem ser viáveis de um futebol tão pobre e dirigentes tão erráticos? 

Pois é. Já que o futebol campineiro se recusa a entrar na vida adulta, nada melhor do que um empurrãozinho.

(Elias Aredes Junior-Foto de Rafael Ribeiro/CBF)